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Guia Politicamente Incorreto Da - Leandro Narloch

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imperialista, os Estados Unidos, fornece 30% dos alimentos que chegam à mesa dos<br />

cubanos. A despeito do embargo econômico, só em 2009 foram 490 milhões de dólares<br />

em produtos agrícolas exportados por americanos para Cuba.<br />

Para quem se preocupa com a prosperidade dos cidadãos, fazendo a opção<br />

politicamente correta de ficar do lado dos pobres, e se importa com o acesso das pessoas<br />

a comida e itens básicos de bem-estar, esses números e essas histórias mostram que é<br />

preciso se opor radicalmente a Che Guevara, suas ideias e suas ações. Países vizinhos do<br />

Caribe obtiveram avanços nas áreas da saúde e da educação e tiraram milhões de<br />

pessoas da pobreza sem que o governo precisasse manter por tantas décadas um sistema<br />

que barra a diversidade de opiniões, impede os cidadãos de sair do país e divide<br />

famílias.<br />

É claro que não se pode culpar só as trapalhadas do ministro Che Guevara pela<br />

tragédia da economia cubana. Em nenhum lugar do mundo, socialismo ou comunismo<br />

(segundo Fidel Castro, é tudo a mesma coisa) levaram a um modelo econômico eficiente,<br />

melhoraram as condições de vida da população ou levaram a um sistema político<br />

democrático. Sempre falham em seus objetivos porque têm, como princípio, acabar com<br />

os motores mais básicos da economia, como a possibilidade de ter um ganho individual e<br />

o direito de propriedade. A prosperidade de um país depende, entre outros fatores, da<br />

segurança de proprietários, geradores de riqueza e investidores de que não verão o fruto<br />

de seus esforços ameaçados ou confiscados pelo governo. Do contrário, se sentem sua<br />

riqueza em perigo, deixam de investir e poupar dentro do país. Foi o que aconteceu em<br />

todo o continente nos últimos séculos. “A persistência em violar os direitos de<br />

propriedade na América Latina, que em alguns casos dura até hoje, cria condições de<br />

insegurança permanente para a poupança e investimentos e estimula a fuga de capitais em<br />

busca do domínio da lei”, afirma o economista Jorge Domínguez no livro Ficando para<br />

Trás, uma reunião de artigos que tenta explicar as origens do atraso latino-americano em<br />

relação aos Estados Unidos. Sem segurança de direito de propriedade, rompe-se todo o<br />

caminho que leva países à riqueza: investimentos de longo prazo, lucro e aumento dos<br />

níveis de poupança, mais acesso das pessoas ao crédito barato, mais investimentos,<br />

aumento da oferta de emprego e do salário, concorrência entre as empresas que leva a<br />

reduções de preços e melhora de serviços, aumento do poder de compra dos<br />

trabalhadores, fim da pobreza.<br />

O processo é lento, mas traz ganhos duradouros e não tira a liberdade dos cidadãos.<br />

Che Guevara, no entanto, dificilmente adotaria essa regra básica de prosperidade. Ela<br />

implica reconhecer que pequenos, médios e grandes empresários e geradores de riqueza<br />

não são todos vilões – pelo contrário, eles são, em geral, peça importante para tirar os<br />

pobres da miséria. Che era orgulhoso demais para reconhecer coisas assim – e movido<br />

não tanto pelo desejo de aliviar as dores dos latino-americanos, mas pelo ódio a<br />

indivíduos e países enriquecidos. De fato, cumpriu seu objetivo: fez um estrago danado<br />

entre as famílias prósperas de Havana. Mas deu o mesmo rumo para o resto dos cubanos.<br />

É uma pena Che ter deixado Buenos Aires em 1953 para iniciar sua segunda viagem<br />

pela América (viagem que o levaria a Cuba). Se ficasse mais alguns anos na Argentina, o<br />

guerrilheiro teria a chance de ouvir uma célebre série de palestras sobre princípios<br />

básicos de economia e liberdade. No fim de 1958, o economista austríaco Ludwig von

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