Guia Politicamente Incorreto Da - Leandro Narloch
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ALBUM/ORONOZ/LATINSTOCK – CASA MUSEO QUINTA DE BOLÍVAR, BOGOTÁ<br />
Mural pintado pelo colombiano Jose Ignacio Castillo Cervantes mostra a entrada triunfal de Bolívar em Bogotá.<br />
Quase 200 anos após sua morte, todos esses países guardam uma dívida para com<br />
Bolívar, mas em nenhum deles a adoração é tão intensa quanto na Venezuela. Graças ao<br />
empurrãozinho do presidente Hugo Chávez, eleito em 1998, Bolívar é um herói<br />
internacional. Com ele, o bolivarianismo expandiu-se e ganhou o coração de muitos<br />
presidentes de esquerda (até da Argentina, onde o Libertador jamais esteve!), ansiosos<br />
por confessar sua “pegada bolivariana” e ganhar como recompensa alguns petrodólares<br />
venezuelanos.<br />
Sendo Bolívar hoje um ícone dos marxistas, emprestemos o centro do auditório para<br />
que o alemão Karl Marx, o pai intelectual da esquerda, nos introduza às particularidades<br />
desse personagem tão importante na América Latina. Por um capricho da história, em<br />
1857, Marx foi contratado pelo diretor do jornal New York <strong>Da</strong>ily Tribune para escrever<br />
alguns verbetes para uma tal New American Cyclopaedia. Entre suas atribuições, ele foi<br />
encarregado de resumir a vida de Bolívar, que tinha morrido com tuberculose 27 anos<br />
antes. Inicia, assim, o texto de Marx:<br />
Bolívar y Ponte, Simón, o “libertador” da Colômbia, nasceu em Caracas, em 24 de julho de 1783, e faleceu em San<br />
Pedro, perto de Santa Marta, em 17 de dezembro de 1830. Era filho de uma das famílias mantuanas que, no período da<br />
supremacia espanhola, constituíam a nobreza criolla da Venezuela. 136<br />
O verbete, então, segue contando as aventuras militares do comandante, incluindo<br />
traições a seus companheiros, como Francisco de Miranda, que encarregara Bolívar de<br />
tomar conta da fortaleza de Porto Cabello:<br />
Quando os prisioneiros de guerra espanhóis, que Miranda costumava confinar na fortaleza de Porto Cabello,<br />
conseguiram dominar de surpresa os guardas e tomar a cidadela, Bolívar – apesar de os prisioneiros estarem<br />
desarmados, ao passo que ele dispunha de uma guarnição numerosa e uma grande quantidade de munição – fugiu