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Guia Politicamente Incorreto Da - Leandro Narloch

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Assassinos de renome internacional ajudaram Che e Fidel nos expurgos. O americano Herman Marks, condenado por<br />

assalto, roubo e estupro, virou um dos principais atiradores de La Cabaña. Os revolucionários também abrigaram o<br />

comunista espanhol Ramón Mercader – ele mesmo, o homem que em 1940 matou León Trótski, no México.<br />

Nem menores de idade ficaram de fora da pena de morte instituída por Che Guevara.<br />

No fim de 1959, um garoto de 12 ou 14 anos chegou ao presídio de La Cabaña sob a<br />

acusação de ter tentado defender o pai antes que os revolucionários o matassem. Dias<br />

depois, o garoto foi levado ao paredão com outros dez prisioneiros. “Perto do paredão<br />

onde se fuzilava, com as mãos na cintura, caminha Che Guevara de um lado para o<br />

outro”, escreveu Pierre San Martín, um dos prisioneiros de La Cabaña. “Deu a ordem<br />

para trazer antes o garoto e o mandou se ajoelhar diante do paredão. O garoto<br />

desobedeceu à ordem com uma valentia sem nome e ficou de pé. Che, caminhando por<br />

trás do garoto, disse: ‘Que garoto valente’. E deu um tiro de pistola na nuca do rapaz.”<br />

Outro jovem assassinado ali foi Ariel Lima Lago, que tinha sido colaborador da<br />

própria guerrilha de Che Guevara. Capturado pelos policiais de Fulgencio Batista em<br />

1958, foi torturado e forçado a dizer onde seus companheiros estavam. Para fazê-lo falar,<br />

os policiais levaram à prisão a mãe do rapaz, deixaram-na nua e disseram ao rapaz que<br />

iam estuprá-la caso ele não desse as respostas. Ariel não teve alternativa. Sua mãe foi<br />

liberada, mas ele seguiu preso. Quando a revolução tomou o poder, Ariel passou da<br />

prisão de Batista para a prisão comunista de La Cabaña. Sua mãe implorou com o<br />

próprio Che Guevara para que não o condenassem à morte, sem sucesso. 53<br />

Não caia na roubada de perguntar a um gari em Havana se era mesmo em La Cabaña que Che realizava seus<br />

fuzilamentos. “Che nunca matou ninguém”, gritou o funcionário para um dos autores deste livro em 2010. Logo em<br />

seguida, comentou o fato a um guarda, que ficou no encalço do arrependido jornalista.<br />

É claro que se pode questionar essas informações – talvez sejam mesmo só boatos,<br />

mentiras e intrigas daqueles cubanos que se viram em desvantagem com o golpe de Fidel<br />

Castro. Do mesmo modo, há quem considere pura invenção os relatos de mortes e<br />

torturas cometidas pelos regimes militares do Brasil ou da Argentina. Acontece que o<br />

próprio Che Guevara pregava a necessidade das execuções, dava detalhes sobre elas em<br />

seu diário e admitia as mortes em público sem o menor pudor. Além das declarações<br />

acima, há a mais evidente de todas. Anos depois da Revolução Cubana, já guerrilheiro<br />

famoso com a tomada de poder em Cuba, Che rodou o mundo propagandeando o<br />

comunismo. Participou em 1964 da Conferência das Nações Unidas, em Nova York.<br />

Durante o discurso, disse:<br />

Fuzilamentos? Sim, temos fuzilado. Fuzilamos e seguiremos fazendo isso enquanto for necessário. Nossa luta é uma luta<br />

à morte.<br />

Como se vê, os paredões e as execuções sumárias cometidas por Che Guevara não são<br />

novidade. Ele deixou claro ter diversos argumentos racionais para a violência, não sofria<br />

com dilemas morais ao matar e até se orgulhava de ter cometido assassinatos de<br />

motivação política. Essas frases e histórias estão disponíveis a qualquer pessoa que se<br />

interesse pela vida do guerrilheiro tanto em vídeos de seus discursos na internet quanto<br />

nos seus diários. Até mesmo as biografias mais adulatórias deixam passar um pouco de<br />

sua psicopatia. Por isso não dá para entender por que Che Guevara, um homem envolvido<br />

em pelo menos 144 mortes, segundo o maior banco de dados sobre as ditaduras da direita<br />

e da esquerda em Cuba, é reverenciado justamente por ativistas que fazem protestos

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