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mas a cabeça sentia-se pesada. Pelo canto do olho ele viu um movimento rápido,
em staccato. Olhando para cima ele podia enxergar o frasco de injeção
endovenosa. O movimento que ele tinha visto provinha do rápido escorrer do
líquido da injeção. As gotas caíam em rápida sucessão e o brilho da lâmpada
noturna saía do líquido com uma cintilação explosiva.
Aquilo era estranho! Bruce sabia que sua injeção endovenosa era apenas
mantida para emergências e, supostamente, devia correr o mais devagar possível.
Não devia escorrer depressa. Bruce lembrava-se de tê-la verificado, conforme
sempre fazia antes de apagar sua lâmpada de leitura.
Ele tentou estender a mão para alcançar o botão da campainha que chamava
a enfermeira. Mas não pôde se mover. Era como se seu braço direito não
houvesse recebido a ordem. Tentou de novo, com o mesmo resultado.
Bruce sentiu seu terror transformar-se em pânico. Agora tinha a certeza de
que algo terrível lhe acontecia! Estava cercado dos melhores cuidados médicos,
porém incapaz de alcançá-los. Ele tinha de pedir socorro imediatamente. Era
como um pesadelo do qual não pudesse despertar.
Tirando com um puxão sua cabeça do travesseiro, Bruce gritou pela
enfermeira. E surpreendeu-se com a fraqueza de sua voz. Ele pretendera gritar,
mas, em vez disso, não passou de um murmúrio. Ao mesmo tempo, tomou
consciência do quanto sua cabeça estava pesada, exigindo toda sua força para
arrancá-la do travesseiro. O esforço provocou um tremor que sacudiu a cama.
Com um suspiro quase inaudível, Bruce caiu para trás sobre o travesseiro,
consolidando seu pânico. Tentando chamar de novo, ele ouviu um silvo
incompreensível, quase destituído de vocalização. O que quer que houvesse de
errado com ele estava piorando rapidamente. Ele sentia como se um invisível
cobertor de chumbo estivesse colocado sobre si, comprimindo-o e achatando-o
sobre o leito. Suas tentativas para respirar eram deploráveis, descoordenados
puxões de seu peito. Completamente aterrorizado, Bruce compreendeu que
estava sendo sufocado.
De algum modo, ele organizou seus pensamentos o bastante para se lembrar
de novo do botão para chamar a enfermeira. Com tremendo esforço, ergueu seu
braço da cama e, de modo descoordenado, espástico, puxou-o através do peito.
Era como se estivesse imerso num líquido viscoso. Seus dedos correram pelas
grades do leito e ele procurou inutilmente pelo botão. Não estava lá. Com os
últimos vestígios de força, içou-se sobre o lado esquerdo, virando-se e batendo
contra a grade. Seu rosto pressionava fortemente o aço frio, obliterando a visão
de seu olho direito, porém faltavam-lhe forças para se mexer. Com o olho
esquerdo ele viu o botão de emergência. Estava no chão, com o fio enrolado
sobre si mesmo, como uma cobra.