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— Pouco me importa o que você vai fazer. Não quero as vendas em meus
olhos.
A enfermeira saiu e Cassi tornou a mergulhar na escuridão. O tempo se
arrastava. Quando ela se permitiu escutar, ouviu sons confortadores de gente
andando para cá e para lá no corredor.
Finalmente, a enfermeira voltou.
— Falei com o Dr. Obermeyer — disse ela, animada. — Ele mandou lhe
dizer que em breve ele passará por aqui. Disse-me também que sua operação
transcorreu muitíssimo bem, mas é imperativo que a senhora repouse. Mandou
dar-lhe outro sedativo, de modo que, se a senhora apenas se virar, vou aplicá-lo.
— Não quero outro sedativo! Quero tirar essas vendas dos meus olhos!
— Vamos — exortou a enfermeira. E desceu as cobertas de Cassi.
Por um momento, Cassi ficou entre resistir e obedecer. Então, relutante,
virou-se e tomou a injeção.
— Pronto — disse a enfermeira. — Isto vai fazê-la sentir-se um pouco mais
calma.
— O que é isso? — perguntou Cassi.
— A senhora deve perguntar ao seu médico. Enquanto isso, deite-se de
costas e desfrute de seu estado. Que tal sua televisão? Quer que a ligue? Sem
esperar por uma resposta, ela ligou o aparelho e saiu.
Cassi achou a voz do locutor das notícias tranquilizante. Logo, o sedativo
começou a agir e ela adormeceu. Pouco depois, acordou, quando o Dr.
Obermeyer passou por seu quarto para lhe dizer pessoalmente como sua
operação havia transcorrido bem. Ele disse que esperava que sua visão no olho
esquerdo estivesse quase normal quando se tirasse o curativo, mas que os
próximos dias seriam críticos e que ela devia procurar ser paciente. Disse-lhe
também que havia deixado uma ordem permanente para a aplicação de sedativos
e que ela devia pedir a medicação toda vez que se sentisse ansiosa.
Sentindo-se melhor, Cassi voltou a dormir. Ao acordar, algumas horas mais
tarde, pôde ouvir vozes murmurando em seu quarto. Escutando, reconheceu uma
delas.
— Thomas? — falou ela.
— Estou aqui, querida — respondeu ele, segurando sua mão.
— Estou com medo — disse ela, chocada por sentir as lágrimas correrem por
baixo dos curativos.
— Cassi, por que você está chorando?
— Não sei — replicou Cassi, lembrando-se de que era devido à morte de
Robert. Ela começou a dizer a Thomas, mas o choro era tanto que não a deixava
falar.