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papel amassadas. O Dr. Frazer combinava com o ambiente. Ele tinha cabelos
crespos despenteados que mergulhavam numa barba sem qualquer linha de
demarcação.
— Em que posso servi-la? — perguntou ele, notando a reação de surpresa de
Cassi àquela confusão. Sua voz não era amigável nem hostil.
— Eu era uma amiga de Robert Seibert — disse Cassi.
— Ah, sim — disse Frazer, recostando-se na cadeira e pondo as mãos atrás
da cabeça. — Que tragédia.
— Você sabe alguma coisa sobre os papéis dele? — perguntou Cassi. — Nós
estávamos trabalhando juntos num projeto. Eu estava esperando apanhar o
material.
— Não faço a menor ideia. Quando me ofereceram este gabinete, ele havia
sido completamente limpo. Eu aconselharia você a falar com o chefe do
departamento, Dr...
— Eu conheço o chefe — interrompeu Cassi. Já fui uma residente aqui.
— Lamento não poder ajudá-la — disse o Dr. Frazer, inclinando-se para a
frente de novo em sua cadeira e voltando ao seu trabalho.
Cassi virou-se para ir embora, mas então lembrou-se de mais uma coisa.
— Você sabe o que revelou a autópsia de Robert?
— Ouvi dizer que o cara tinha uma grave doença valvular cardíaca.
— E quanto à causa da morte?
— Isso eu não sei. Estão esperando pelo exame do cérebro. Talvez ainda não
o tenham terminado.
— Você sabe se ele estava cianótico?
— Acho que sim. Mas eu não sou a pessoa indicada para ser perguntada. Sou
novo aqui. Por que você não fala com o chefe?
— Você tem razão. Obrigada pelo tempo que lhe roubei.
O Dr. Frazer acenou com a mão para Cassi, quando esta saiu do gabinete,
fechando silenciosamente a porta atrás de si. Ela foi à procura do chefe, mas ele
estava numa reunião na cidade. Triste, Cassi resolveu sentar-se na sala de espera
de Thomas até que ele estivesse pronto para sair. A visão do antigo gabinete de
Robert já ocupado trouxe-lhe à lembrança sua morte com uma desagradável
finalidade. Tendo sido obrigada a faltar ao enterro, às vezes Cassi tinha
dificuldade em se lembrar de que seu amigo tinha morrido. Agora ela não teria
mais esse problema.
Quando Cassi chegou ao consultório de Thomas, encontrou a porta trancada.
Consultando seu relógio, ela viu por quê. Passava um pouquinho das 12 horas e
Doris estava em sua folga para o almoço. Cassi chamou um segurança para abrir
a porta da sala de espera e sentou-se no sofá cor-de-rosa.