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demais, sendo casada com Thomas Kingsley.
Roxane deu um largo sorriso e caminhou pelo corredor. Ela era uma negra
alta e elegante, que impunha respeito por sua inteligência e seu sentido de estilo.
Usava o cabelo trançado em fileiras desde muito antes que se tornasse moda.
Quando Cassi desligou o telefone, Joan examinou-a cuidadosamente. Roxane
tinha razão. Cassi parecia delicada. Talvez fosse sua pele pálida, quase
translúcida. Ela era magra, porém graciosa, medindo um pouco mais de l,55m de
altura. Seu cabelo era fino e de uma cor que variava de um castanho brilhante ao
louro, dependendo do ângulo e da luz que sobre ele incidia. No trabalho, ela o
usava frouxamente enrolado no alto da cabeça, mantido no lugar por pequenos
pentes e grampos. Mas devido à sua contextura, tufos dele desciam por seu rosto
em delicados cordões. Suas feições eram pequenas e miúdas e os olhos se
viravam para cima, tão levemente nos cantos exteriores, que lhe davam uma
suave aparência exótica. Ela usava pouca maquilagem, o que a fazia parecer
mais jovem do que seus 28 anos. Suas roupas estavam sempre alinhadas, mesmo
que tivesse passado de pé a maior parte da noite, e hoje ela vestia uma de suas
muitas blusas brancas que iam até o pescoço. Para Joan, Cassi parecia uma
jovenzinha de uma antiga fotografia vitoriana.
— Em vez de irmos tomar café — disse Cassi com entusiasmo — que tal vir
comigo até a Patologia por alguns minutos?
— Patologia — retrucou Joan, com alguma relutância.
— Estou certa de que poderemos tomar café lá em cima — disse Cassi,
como se aquela fosse a explicação da hesitação de Joan. — Vamos. Você pode
achar interessante.
Joan deixou-se levar pelo corredor principal até a pesada porta de incêndio
que dava para o hospital propriamente dito. Não havia portas trancadas na
Clarkson Dois. Era uma enfermaria "aberta". Muitos dos pacientes não tinham
permissão de deixar o andar, mas a eles competia obedecer. Eles sabiam que, se
ignorassem as regras, arriscavam-se a ser enviados para o Hospital Estadual. Ali
o ambiente era significativamente diferente e muito menos agradável.
Quando a porta se fechou atrás dela, Cassi experimentou uma sensação de
alívio. Em nítido contraste com a enfermaria da Psiquiatria, aqui, no principal
edifício do hospital, era fácil distinguir os médicos e as enfermeiras dos
pacientes. Os médicos usavam jaquetas ou casacos brancos, as enfermeiras seus
uniformes brancos e os pacientes suas roupas de hospital. Lá na Clarkson Dois
todo mundo usava roupas de passeio.
Enquanto palmilhavam seu caminho para os elevadores centrais, Joan
perguntou:
— Como era ser uma residente na Patologia? Você gostava?