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claras e brancas, sua atenção foi atraída por uma explosão emocional num dos
cantos.
— Por quê? Por quê? — gritava, perplexa, uma mulherzinha.
— Vamos, vamos — dizia o Dr. George Sherman, tentando acalmar a mulher
soluçante. — Estou certo de que eles fizeram tudo o que era possível para salvar
Sam. Sabíamos que seu coração não estava normal. Poderia ter acontecido a
qualquer momento.
— Mas ele estava feliz em casa. Nós devíamos ter deixado ele ficar lá. Por
que foi que deixei o senhor me convencer trazê-lo para cá? O senhor me disse
que ele correria um certo risco se fosse operado. O senhor nunca me disse que
havia um risco durante o cateterismo. Oh, meu Deus!
As lágrimas da mulher a esmagavam. Ela começou a bambear e o Dr.
Sherman estendeu a mão para segurar seu braço.
Thomas correu para junto de George e ajudou-o a sustentar a mulher. Ele
trocou olhares com George, que revirava os olhos ante aquela explosão. Como
membro da equipe cardíaca de tempo integral, Thomas não tinha uma alta
consideração pelo Dr. George Sherman, mas sob aquelas circunstâncias sentia-se
obrigado a ajudá-lo. Juntos, sentaram a mãe infortunada pela perda do filho. Ela
enterrou o rosto nas mãos, curvou os ombros, tomada por convulsões, enquanto
continuava a soluçar.
— Seu filho teve uma parada cardíaca durante um cateterismo — murmurou
George. — Ele tinha um grande retardo mental e também problemas físicos.
Antes que Thomas pudesse responder, um sacerdote e um outro homem,
aparentemente o marido da mulher, chegaram. Todos se abraçaram, o que
pareceu dar novas forças à mulher. Juntos e apressadamente saíram do quarto.
George aprumou-se. Era evidente que a situação o deixara enervado. Thomas
sentiu-se como que a repetir a pergunta da mulher sobre por que o filho tinha
sido levado da instituição onde, aparentemente, fora feliz, mas não teve
coragem.
— Que meio de ganhar a vida — disse George constrangido, ao sair do
quarto.
Thomas perscrutou os rostos dos que haviam ficado. Eles o olhavam com
uma mistura de empatia e medo. Todos tinham algum membro da família sendo
submetido a cirurgias e esta era uma cena extremamente inquietante. Thomas
olhava para a filha de Campbell. Ela estava sentada junto à janela, pálida e
expectante, com os braços nos joelhos e as mãos fechadas. Thomas encaminhouse
até ela e baixou o olhar. Ele já a havia visto uma vez antes em seu consultório
e sabia que seu nome era Laura. Ela era uma linda mulher, de provavelmente 30
anos, com um belo cabelo castanho puxado para trás desde a testa, formando um