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trouxe os comprimidos para dormir lhe afirmasse que tinha.
— Não me lembro absolutamente — disse Cassi.
— Esta não é uma boa recomendação para a cozinha do hospital — observou
a enfermeira. — Nem para mim. Eu mesma o dei à senhora.
— E o meu diabetes? — perguntou Cassi.
— A doutora está indo muito bem. Após sua refeição, nós lhe aplicamos uma
insulina extra, mas está toda aqui. — A enfermeira bateu com os nós dos dedos
no frasco da injeção endovenosa, para que Cassi pudesse ouvir. — E aqui estão
seus remédios para dormir.
Obedientemente, Cassi estendeu sua mão direita. Sentiu dois comprimidos
caírem em sua palma e colocou-os na boca. Depois, estendendo de novo a mão,
sentiu o copo d'água.
— Acha que também precisa de um sedativo?
— Creio que não — disse Cassi. — Sinto-me como se tivesse dormido o dia
todo.
— Isso é bom para a senhora. Agora, aqui está sua mesinha de cabeceira.
A enfermeira tirou o copo de Cassi e guiou sua mão por sobre a grade da
cama, para que ela pudesse sentir o copo d’água, o jarro, o telefone e o botão da
campainha.
— Deseja mais alguma coisa? — perguntou a enfermeira. — Está sentindo
alguma dor?
— Não, obrigada — respondeu Cassi. Ela estava surpresa de sentir tão pouco
desconforto da operação.
— Quer que desligue a televisão?
— Não — disse Cassi. Ela gostava de ouvir o som.
— Certo, mas aqui está o comutador. — A enfermeira guiou a mão de Cassi
para o botão ao lado da cama. — Tenha uma boa noite de sono e, se quiser
alguma coisa, é só chamar.
Depois que a enfermeira saiu, Cassi fez uma pequena exploração por sua
própria conta. Estendendo a mão, tocou a mesinha ao lado. A enfermeira tinha-a
afastado um pouco da parede, para que ficasse um pouco mais acessível. Com
alguma dificuldade, ela puxou a gaveta de metal e procurou seu relógio. Fora um
presente de Thomas e ela imaginou se não devia tê-lo posto no cofre do hospital.
Não o encontrou imediatamente. Sua mão tocou seus vidros de insulina e uma
porção de seringas. O relógio achava-se embaixo das seringas. Estava
provavelmente bastante seguro.
Ela recolheu a mão para debaixo das cobertas. Quando o remédio começou a
agir, percebeu por que havia gente tentada a abusar dele. Ele fazia a realidade
retroceder. Os problemas continuavam ali, porém à distância. Ela podia pensar