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— Leite ou limão? — perguntou Patricia.
— Leite.
Observando a sogra procurar um pote de nata, Cassi percebeu como eram
raros os visitantes da velha. Com uma pontada de culpa, Cassi pôs-se a pensar
por que elas não se haviam tornado melhores amigas. Tentou abordar o problema
de Thomas, porém o abismo que sempre existia entre elas silenciou-a. Só depois
que se sentaram na sala de estar, com as xícaras cheias, foi que Cassi encontrou
coragem para começar.
— O motivo de eu ter vindo aqui esta manhã foi falar-lhe sobre Thomas.
— Isso é o que você diz — replicou Patricia agradavelmente. A velha havia
exultado consideravelmente e parecia estar apreciando a visita.
Cassi suspirou e dispôs sua xícara de chá sobre a mesinha de café.
— Estou preocupada com Thomas. Acho que ele está se esforçando demais
e...
— Ele é assim desde que começou a andar — interrompeu Patricia. —
Aquele menino sempre foi hiperativo desde o dia em que nasceu. E lhe digo que
era uma tarefa de 24 horas mantê-lo na linha. Mesmo antes de saber andar ele já
era dono de si mesmo e tive tempo demais para poder discipliná-lo. De fato,
desde o dia em que o trouxe do hospital para casa...
Ouvindo as histórias de Patricia, Cassi percebeu exatamente o quanto
Thomas ainda era o centro do mundo da velha senhora. Finalmente, fazia sentido
a ela por que Patricia insistia em morar onde morava, mesmo que fosse tão
isolado. Observando sua sogra parar a fim de tomar um gole do seu chá, Cassi
notou como Thomas se parecia tanto com Patricia. Seu rosto era mais fino e
mais delicado, mas tinha a mesma aristocrática angulosidade.
Cassi sorriu e, quando Patricia baixou a xícara, disse:
— Parece que Thomas não mudou muito.
— Na minha opinião ele não mudou nada — disse Patricia, acrescentando
com um sorriso: — Ele tem sido o mesmo garoto a vida toda. Thomas necessita
de muita atenção.
— O que eu estava esperando — falou Cassi — é que a senhora podia ajudar
Thomas agora.
— Oh?
Cassi pôde ver que a nova intimidade entre as duas revertia rapidamente para
a antiga suspeita. Mas prosseguiu.
— Thomas escuta a senhora e...
— Claro que ele me escuta. Sou mãe dele. Cassandra, aonde você quer
chegar exatamente?
— Tenho razões para suspeitar que Thomas pode estar tomando drogas. —