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telhado. Fiel aos seus preceitos, o tempo na Nova Inglaterra fizera outra
reviravolta. Ela estendeu a mão e acendeu o abajur que estava no chão. Por um
instante, a luz pareceu intensamente brilhante e Cassi defendeu o olho para olhar
o seu relógio. Ficou surpresa ao ver que eram quase oito horas. Irritada consigo
mesma, ela atirou fora o acolchoado e levantou-se. Ela não gostava de se atrasar
tanto com sua insulina.
No banheiro, Cassi notou pela medida da urina, que estava com duas vezes
mais açúcar. Voltando ao quarto, foi à geladeira e apanhou seu remédio.
Carregando tudo para sua mesa, ela meticulosamente preparou as quantidades
certas, 50 unidades de insulina regular e 10 unidades de insulina de ação
retardada. Com habilidade, ela injetou-se na coxa esquerda.
Cuidadosamente, ela tirou a agulha e jogou a seringa na cesta, recolocando
os vidros de insulina na geladeira. Cassi conservava as insulinas regular e de
ação retardada em diferentes prateleiras, para ter a certeza de que não ia
confundi-las. Então, desempacotou a medicação para seu olho, removeu a venda
ocular e começou a pingar as gotas no olho esquerdo. Estava a meio caminho da
cozinha quando sentiu a primeira onda de tonteira.
Ela parou, achando que aquilo passaria rapidamente. Mas não passou. Cassi
sentiu o suor porejar nas palmas das mãos. Confusa com o fato de as gotas
oculares provocarem uma ação sistêmica tão rápida, ela voltou ao quarto e
examinou o rótulo. Tratava-se de um antibiótico, conforme suspeitava. Depondo
a medicação sobre a mesa, Cassi enxugou as mãos; estavam ensopadas. Então,
todo o seu corpo começou a suar, ao mesmo tempo que ela sentia uma fome
incrível.
Cassi sabia que isso não era devido às gotas para os olhos. Ela estava tendo
uma outra reação à insulina. Seu primeiro pensamento foi o de que ela havia
errado a calibragem na seringa, mas retirando-a da cesta de lixo viu que esta
hipótese era falsa. Ela verificou os frascos de insulina, porém eles estavam como
sempre tinham estado, U100. Cassi abanou a cabeça, imaginando como o seu
equilíbrio diabético podia ter-se alterado tanto. Em qualquer caso, a causa da
reação era menos importante do que seu imediato tratamento. Cassi sabia que era
melhor comer qualquer coisa sem demora. A meio caminho do corredor para a
cozinha, ela sentiu fios de suor correrem por seu corpo e o coração começar a
bater desordenadamente. Tentou tomar o pulso, mas sua mão tremia demais. Não
se tratava de uma reação leve! Era um outro episódio avassalador como o que ela
experimentara no hospital.
Em pânico, Cassi partiu como um raio para o quarto e abriu o armário. A
maleta de couro preta, de médico, que ela ganhara na escola de medicina devia
estar em algum lugar ali. Ela precisava encontrá-la. Em desespero, afastou as