13.07.2020 Views

Médico Ou Semideus - Robin Cook

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

pacientes na sala de espera. Como de hábito, Doris ergueu os olhos de sua

máquina de escrever e tornou a baixá-los, sem tomar conhecimento da presença

de Cassi.

— Thomas está? — perguntou Cassi.

— Sim — retrucou Doris, sem interromper sua escrita. — Está com o último

paciente.

Cassi sentou-se no divã cor-de-rosa. Estava incapaz de ler, devido ao efeito

embotador das gotas em seu olho, que ainda não havia passado. Uma vez que

Doris não a olhava, Cassi não se sentia desconfortável observando-a. Ela reparou

que a enfermeira havia mudado o corte de cabelo. Cassi achou que Doris ficava

melhor sem a severidade de seu coque usual.

Em breve, um paciente saiu do consultório. Todo animado, ele sorriu para

Doris.

— Estou muitíssimo satisfeito — falou ele. — O doutor disse que estou

muito melhor. Posso fazer o que quiser. — Vestindo seu casaco, ele se dirigiu a

Cassi. — O Dr. Kingsley é o maior. Não se preocupe com seja lá o que for,

minha jovem senhora.

Depois, tornando a se voltar para Doris, agradeceu-lhe, soprou-lhe um beijo

e saiu.

Cassi suspirou ao se levantar. Ela sabia que Thomas era um grande médico.

Quisera ela poder arrancar de seus doentes aquele tipo de comentário.

Thomas estava ditando quando Cassi entrou no consultório: "Novamente

muito obrigado, vírgula, Michael, vírgula, por esse caso interessante, vírgula, e

se eu puder ser de algum auxílio em seu tratamento, vírgula, não hesite em me

chamar. Ponto. Sinceramente seu, fim do ditado."

Desligando o gravador, Thomas voltou-se em sua cadeira. Olhou Cassi com

indiferença calculada.

— E a que devo o prazer desta visita? — perguntou.

— Acabo de vir do oftalmologista — respondeu Cassi, tentando controlar a

voz.

— Ótimo — disse Thomas.

— Preciso falar com você.

— É melhor que seja breve — disse, consultando seu relógio. Tenho que ver

um paciente que se acha em choque cardiogênico.

Cassi sentiu que lhe faltava coragem. Ela precisava de um sinal de que

Thomas não ficaria irritado se, mais uma vez, trouxesse à baila sua doença. Mas

a atitude de Thomas apenas sugeria uma indiferença agressiva. Era como se ele a

estivesse desafiando a cruzar uma linha arbitrária.

— Bem? — indagou Thomas.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!