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se encheu de sangue, que em segundos começou a empapar as toalhas estéreis,
pingando no chão.
Desesperado, Larry mergulhou a mão na ferida e tateou às cegas em busca da
pinça que comprimia a sutura em torno da veia cava. Felizmente, sua mão
encontrou-a imediatamente. Com toda habilidade, ele puxou a fita para cima e o
sangramento diminuiu.
— Se eu tivesse uma exposição decente do campo operatório, este tipo de
problema não teria acontecido — falou Thomas, irado, arrancando a agulha de
seu dedo e jogando-a no chão. Ele afastou-se da mesa, cuidando de sua mão
ferida.
Larry tratou de sugar o sangue da ferida operatória. Ao reinserir o cateter da
máquina do coração artificial, ele pensava no que devia fazer. Thomas não tinha
mais condições de operar naquele dia, quanto mais não fosse para arriscar um
suicídio profissional. No fim Larry decidiu que não podia mais sustentar a
tensão. Quando tornou seguro o sítio da operação, ele recuou, afastando-se da
mesa, e juntou-se a Thomas, que estava calçando uma nova luva que lhe era
oferecida pela Srta. Goldberg.
— Desculpe-me, Dr. Kingsley — disse Larry, com toda a autoridade que
pôde reunir. — Este tem sido um dia penoso para o senhor. Lamento que não
tenhamos sido mais cuidadosos. A verdade é que o senhor está exausto. Eu
prossigo com a operação daqui em diante. O senhor não precisa mais calçar
outra luva. — Por um instante, Larry pensou que Thomas ia esmurrá-lo, mas
teve a coragem de continuar: — O senhor já fez milhares dessas operações, Dr.
Kingsley. Ninguém vai censurá-lo por estar cansado demais para terminar esta.
Thomas começou a tremer. Então, para perplexidade e alívio de Larry,
arrancou suas luvas e saiu.
Larry suspirou e trocou olhares com a Srta. Goldberg.
— Voltarei logo — disse Larry para a equipe.
Com suas luvas e ainda de gorro, Larry saiu da sala de operações. Ele
esperava que um dos outros cirurgiões cardíacos da equipe estivesse disponível e
ficou aliviado quando viu o Dr. George Sherman, que saía da Sala de Operações
Seis. Larry puxou-o para o lado e, calmamente, relatou o que havia acontecido.
— Vamos — disse George. — E não quero ouvir uma só palavra sobre isso
fora da sala de operações, entendido? Isso poderia acontecer a qualquer um de
nós e se o público soubesse sobre o incidente o fato seria desastroso, não apenas
para o Dr. Kingsley, mas também para o hospital.
— Eu sei — disse Larry.
Thomas estava zangado como jamais o estivera antes. Como ousara Larry