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suas malucas histórias de viciado em drogas. Já não era o bastante, pensou
Thomas com raiva, ter ela ido ver sua mãe. Tinha também que procurar o chefe
do seu serviço. Thomas subitamente percebeu que Cassi poderia destruí-lo. Ela
era capaz de arruinar a carreira que ele levara toda a vida para construir.
Felizmente para Thomas, seu senso de preservação era mais forte do que a
raiva. Ele obrigou-se a pensar com uma lógica dura, fria, enquanto Ballantine
terminava.
— Eu gostaria de lhe sugerir que tirasse umas boas férias.
Thomas sabia que o chefe adoraria tê-lo fora do hospital, enquanto a turma
docente reduziria suas horas de cirurgia, mas conseguiu sorrir.
— Olhe, toda essa coisa está fugindo ao controle — falou Thomas
calmamente. — Talvez eu tenha trabalhado demais, mas isso é porque tenho
muito o que fazer. Quanto ao que se refere ao problema do olho de Cassandra,
claro que estou planejando passar um tempo com ela quando estiver
hospitalizada. Mas, realmente, compete a Obermeyer dizer a ela qual a melhor
maneira de tratar seus problemas retinianos.
Ballantine ia começar a falar, porém Thomas o interrompeu.
— Eu escutei você, agora você me escuta — disse Thomas. — Quanto a esta
ideia de que estou abusando de drogas. Você sabe que não bebo café, nunca me
dei com ele. Assim, é verdade que tomo uma Dexedrina de vez em quando. Mas
ela não faz mais efeito do que o café. Só que você não pode diluir a Dexedrina
com leite ou creme. Admito que há diferentes implicações sociais, em especial
se alguém a toma para fugir da vida, mas eu só a uso ocasionalmente, para
trabalhar com mais eficiência. E quanto ao que se refere ao Percodan e ao
Talwin, sim, tomo-os às vezes. Tenho propensão para enxaquecas desde que era
jovem. Eu não as tenho com frequência agora, mas quando isso acontece, a única
coisa que alivia é o Percodan ou o Talwin, às vezes um, às vezes o outro. E voulhe
dizer uma coisa. Sentir-me-ei feliz se você ou outro qualquer fizer uma
auditoria nos meus receituários. Você verá num instante a quantidade dessas
drogas que eu receito e para quem.
Thomas recostou-se na cadeira e cruzou os braços. Ele ainda estava
tremendo e não queria que Ballantine notasse.
— Bem — disse Ballantine, evidentemente aliviado. — Certamente isso
parece razoável.
— Você sabe tanto quanto eu — prosseguiu Thomas — que todos nós
tomamos um comprimido de vez em quando.
— É verdade — falou o Dr. Ballantine. — O problema surge quando um
médico perde o controle do número que ele toma.
— Mas aí, então, eles estão abusando da droga — falou Thomas. — Nunca