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qualquer coisa de perturbador sobre esses dois fatos.
A alcova sem janelas, com duas camas de lona, não estava completamente às
escuras. A luz da antessala cirúrgica filtrava-se pela porta do hall para o quarto
privado. Como de hábito, as camas estavam vazias. Thomas suspeitou de que era
a única pessoa a usá-las.
Procurando no bolso de sua blusa cirúrgica, encontrou o pequeno
comprimido amarelo que havia colocado ali. Habilmente, ele partiu o
comprimido ao meio. Uma das metades foi para sua boca, onde ele a dissolveu
sobre a língua. A outra metade voltou para o bolso, para o caso de precisar dela
mais tarde. Ao fechar os olhos, imaginou quanto tempo teria antes que o
chamassem.
Às 2h45 da manhã, o poço das escadas parecia pertencer mais a um
gigantesco mausoléu do que a um hospital. A longa abertura vertical funcionava
como uma espécie de chaminé e havia um som lamentoso baixo, vindo de algum
lugar das entranhas do edifício. Quando o vulto no poço das escadas abriu a
porta no 18º andar, o ar silvou como se saído de um jarro a vácuo.
Com estranhas roupas hospitalares, o homem não receava ser visto, mas
ainda assim preferia não sê-lo. O homem verificou cuidadosamente se o corredor
estava deserto em toda a extensão, antes de deixar que a sua porta se fechasse
atrás de si. Quando ela se fechou, ouviu-se o mesmo som rude de sucção.
Com uma das mãos enfiada no bolso do jaleco branco, o homem avançou
silenciosamente através do corredor para o quarto de Jeoffry Washington. Ali,
parou e esperou um momento. Não vinha qualquer som de atividades no posto
das enfermeiras. Tudo o que podia ser ouvido eram sons abafados distantes dos
monitores cardíacos e máquinas de respiração artificial.
Num piscar de olhos, o homem entrou no quarto, fechando lentamente a
porta que dava para o corredor. A única luz vinha do banheiro, cuja porta
apresentava uma fenda de alguns milímetros. Assim que seus olhos se adaptaram
à obscuridade, ele tirou a mão do bolso, que agarrava uma seringa cheia.
Removeu o protetor da agulha jogando-o no outro bolso e se dirigiu rapidamente
para o lado da cama. Então ficou gelado.
A cama estava vazia!
Com um bocejo que abriu a boca até os seus limites e lhe arrancou lágrimas,
Jeoffry Washington abanou a cabeça e atirou uma revista Time velha de três
semanas sobre a mesinha baixa. Ele estava sentado na sala dos pacientes, do
outro lado do quarto de curativos. Levantando-se, Jeoffry empurrou o suporte de
sua injeção endovenosa adiante de si, saindo para a semiobscuridade do posto