You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
sentir-se segura.
Thomas parou bruscamente perto da ponte sobre o braço de mar que dava
para o pântano. Desligou o motor e verificou o tráfego antes de abrir a porta.
Saindo do carro, caminhou sobre a ponte arqueada, seus sapatos fazendo um
barulho cavo sobre as tábuas velhas. A maré estava baixando e a correnteza
passava por baixo da pequena ponte, formando frenéticos remoinhos em volta
das estacas de sustentação.
Thomas precisava respirar um pouco. Os dois comprimidos de Talwin que
tomara antes de sair do consultório haviam exercido um decepcionante pequeno
efeito em seu humor. Ele jamais se sentira tão ansioso antes. A conferência da
tarde de sexta-feira tinha sido um desastre. E, por cima de tudo isso, pululavam
os problemas com Cassi.
Thomas ficou parado sobre a ponte deserta por quase meia hora, deixando a
brisa úmida enregelá-lo até os ossos. O desconforto agia terapeuticamente,
tornando-lhe possível pensar. Ele precisava fazer alguma coisa. Ballantine e sua
coorte estavam tentando destruir tudo que Thomas havia construído com tanto
cuidado. Ele agarrou um frasco de droga, tencionando atirá-lo n'água. Mas não o
fez. Em vez disso, voltou com ele para o casaco.
Aos poucos, Thomas foi se sentindo melhor. Ele teve uma ideia que, tão logo
tomou forma, fez com que começasse a sorrir. Depois riu mesmo, imaginando
como é que não havia pensado nisso antes. Com uma nova onda de energia,
retornou ao carro, onde aqueceu os dedos pondo-os sobre o respiradouro do
descongelador.
Depois de colocar o carro na garagem, ele atravessou correndo o pátio para
casa. Passou o vidrinho da droga para o bolso do terno quando tirou o casaco e,
sentindo-se melhor do que se sentira o dia todo, foi cumprimentar sua mãe.
— Estou tão contente por você chegar na hora — disse ela. — Harriet está
justamente pondo o jantar na mesa. — Ela tomou-o pelo braço e levou-o para a
sala de jantar. Ele sabia que a mãe estava de bom humor porque o tinha só para
ela, mas Patricia perguntou polidamente por Cassi, antes de se servir da travessa
de assado.
Quando Harriet voltou para a cozinha, ela começou a perguntar sobre o dia
de Thomas.
— As coisas estão indo melhor no hospital?
— Quase nada — retrucou Thomas, sem paciência para discutir a piora da
situação no hospital.
— Você falou com George Sherman? — perguntou Patricia com enfado.
— Mãe, não quero falar sobre a política do hospital.