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A consciência de Bruce enchia-se de pânico e desespero, mas o opressivo
peso sobre seu corpo crescia, impedindo qualquer movimento. Em seu terror ele
imaginava que algo tinha acontecido ao seu coração; será que todos os pontos
tinham-se rompido? A sensação de estar sendo sufocado aumentava na medida
em que o cérebro de Bruce gritava, pedindo o oxigênio vital. No entanto, Bruce
se achava completamente paralisado, capaz apenas de gemer em agonia,
enquanto tentava desesperadamente respirar. Entretanto, através de tudo isso, os
sentidos de Bruce se mantinham aguçados, sua mente dolorosamente clara. Ele
sabia que estava morrendo. Havia um tilintar em seus ouvidos, uma sensação de
rodopio, de náusea. Depois a escuridão...
Há mais de um ano que Pamela Breckenridge vinha trabalhando das onze às
sete. Não era um turno dos mais populares, porém gostava dele; achava que lhe
dava mais liberdade. Durante o verão ela ia à praia de dia e dormia à tarde. No
inverno, dormia de dia. Seu corpo não tinha problemas em se ajustar desde que
dormisse pelo menos sete horas. E quanto ao seu serviço, ela preferia o turno da
noite. Havia menos disputa. Às vezes os dias faziam com que uma enfermeira se
sentisse como um guarda de trânsito, levando e trazendo os pacientes para os —
e dos — vários gabinetes de raios X, de eletrocardiogramas, dos laboratórios de
exames e salas de operações. Além disso, Pamela gostava da responsabilidade de
ficar sozinha.
Esta noite, ao caminhar pelo corredor vazio e escurecido, tudo o que ouvia
eram alguns murmúrios, o silvo de um respirador, e seus próprios passos. Eram
3h45. Não havia qualquer médico imediatamente disponível e, por isso, nem
mesmo outras enfermeiras diplomadas. Pamela trabalhava com duas enfermeiras
licenciadas, ambas hábeis veteranas da enfermaria. As três haviam aprendido a
tratar com qualquer número de catástrofes em potencial.
Ao passar pelo quarto 1.832, Pamela parou. Durante o relatório daquela
noite, a enfermeira encarregada que deixara o turno dissera ser provável que
Bruce Wilkinson estivesse bastante fraco para se pensar em lhe aplicar um novo
frasco de D5W endovenoso antes da manhã. Pamela hesitou. Era talvez uma
tarefa que ela devia deixar para outra, mas como se achava bem na porta do
quarto, e não havia quebra do protocolo, decidiu fazê-lo ela mesma.
Uma tosse úmida, encatarrada, chocalhou um cumprimento no quarto
fracamente iluminado, fazendo com que Pamela limpasse a própria garganta. Em
silêncio, ela deslizou ao longo do leito de Wilkinson. O nível do frasco estava
baixo e ela começou a ver, admirada, o líquido se escoando muito rapidamente.
Um frasco novo achava-se sobre a mesinha de cabeceira. Ao trocar o frasco da
injeção endovenosa e ajustar a velocidade do débito, ela sentiu uma coisa dura