You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
inexplicavelmente paralisado por uma sensação de agudo terror.
À medida que os segundos passavam, sua boca tornou-se seca, tal como
ficara após sua medicação pré-operatória, cinco dias antes. Ele atribuiu isto ao
medo, enquanto persistia completamente imóvel, como um animal cauteloso,
seus sentidos ansiando por uma perturbação qualquer. Ele agira tal qual um
garoto que acordasse à noite, depois de ter maus sonhos. Se não se movesse,
talvez os monstros não o vissem. Deitado de costas, não podia ver muita coisa do
quarto, principalmente devido à única iluminação, que provinha de uma pequena
lâmpada para a noite colocada ao nível do chão, por trás de sua cama. Tudo o
que podia ver era a indistinta junção do teto com a parede. Formando uma
silhueta contra esta estava a sombra do suporte que mantinha a injeção
intravenosa, o frasco e o tubo. Parecia que o frasco oscilava levemente.
Tentando desfazer seus temores, Bruce começou a controlar as mensagens
internas. A grande questão assomava em sua mente: Estou bem? Tendo sido
rudemente traído por seu corpo pelo ataque cardíaco, ele imaginava se uma nova
catástrofe não o teria acordado. Teriam seus pontos se rompido? Este havia sido
um de seus medos logo depois da operação. Poderia a derivação, a ponte de
safena, ter-se soltado?
Bruce podia sentir a pulsação em suas têmporas e, a despeito de certa
umidade nas palmas das mãos e uma sensação um tanto desagradável na cabeça,
que ele associava com a febre, ele se sentia bem. Pelo menos não havia dor,
principalmente não aquela dor cruciante, aquela pressão pungente que havia
surgido com o ataque cardíaco inicial.
Bruce tentou fazer uma inspiração forçada. Não houve dor penetrante,
embora parecesse a ele ter de fazer um esforço extra para inflar os pulmões.
Na semiescuridão, uma tosse úmida reverberou pelos confins do quarto.
Bruce foi invadido por nova onda de terror, mas logo percebeu que era apenas
seu companheiro de quarto. Talvez houvesse sido o som da tosse do Sr.
Hauptman que o tinha despertado, pensou Bruce, experimentando um pouco de
alívio. O velho tornou a tossir e adormeceu outra vez.
Bruce pensou em chamar uma enfermeira para examinar o Sr. Hauptman,
mais pela oportunidade de poder falar com alguém do que achar que se tratava
de um problema real. A verdade era que o Sr. Hauptman tossia assim o tempo
todo.
A desagradável sensação de febre intensificou-se e começou a se espalhar.
Bruce podia senti-la no peito como um líquido quente. A preocupação com que
algo de errado houvesse acontecido "por dentro" reafirmou-se.
Bruce tentou virar-se para localizar o botão da campainha que chamava a
enfermeira, cujo fio estava enrolado nas grades do leito. Seus olhos se moveram,