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complicação temida e que às vezes ocorria por mais que se fizesse, mas o fato de
acontecer tão comumente a Ballantine e numa frequência crescente, era sempre
ignorado.
Igualmente espantoso, no que concernia a Thomas, era que nada tivesse sido
dito sobre a atual morte de Harwick na UTI. Tanto quanto Thomas sabia, o
paciente ficara estável por extenso período de tempo antes da súbita parada
cardíaca. Thomas olhava para os presentes e ficou intrigado com o fato de
permanecerem em silêncio. Isso reafirmava que a burocracia e seu método de
tratar os problemas não era, de modo algum, a maneira de dirigir uma
organização.
— Se ninguém tem nada a dizer — falou Ballantine — acho que podemos
passar para o próximo caso. Infelizmente, ainda estou no banco dos réus. — Ele
esboçou um pequeno sorriso. — O nome do paciente é Bruce Wilkinson. Um
homem branco, de 42 anos de idade, que sofreu um ataque cardíaco e mostrou
comprometimento focal da circulação coronária, sugerindo que era um bom
candidato para realização de um tríplice bypass.
Thomas empertigou-se em sua cadeira. Ele se lembrava bem claramente de
Wilkinson, particularmente da noite em que tentara ressuscitá-lo. Ele ainda podia
ver a cena surrealista com os olhos de sua mente.
Ballantine zumbia, apresentando o caso com excesso de detalhes. O queixo
do cirurgião sentado ao lado de Thomas caiu pesadamente sobre seu peito e sua
respiração regular e profunda podia ser ouvida até no pódio. Finalmente,
Ballantine concluiu e disse:
— O Sr. Wilkinson portou-se extremamente bem até a quarta noite do pósoperatório.
Nesta ocasião, ele morreu.
Ballantine ergueu os olhos de seus papéis. Seu rosto, em contraste com sua
expressão quando discutiam o caso anterior, havia assumido uma expressão de
desafio como a dizer: "Tratem de arranjar um erro aqui."
Um residente da patologia, franzino e bem-vestido, levantou-se da primeira
fila e pôs-se atrás do pódio. Ele ajustou nervosamente o pequeno microfone e
inclinou-se, pensando que tinha de falar diretamente nele. Daí resultou um
irritante som eletrônico muito agudo e ele recuou, com uma desculpa.
Thomas reconheceu o homem. Era Robert Seibert, o amigo de Cassi.
Assim que Robert começou sua apresentação da patologia, desapareceu toda
evidência de seu nervosismo. Ele era um bom orador, especialmente se
comparado a Ballantine, e havia organizado seu material de modo que só os
pontos significativos fossem mencionados. Exibiu uma série de slides e mostrou
que, embora o paciente houvesse sido descrito como em estado profundamente
cianótico no momento da morte, não havia obstrução das vias aéreas. Em