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fim de fazer uma radiografia do tórax. Ela disse que havia feito uma há seis
semanas, durante um exame clínico de rotina e não queria fazer outra. No
departamento de raios X lhe disseram que o serviço de anestesia não anestesiaria
ninguém que não tivesse sido radiografado e Cassi levou mais uma hora para
conseguir que o chefe do setor telefonasse para o Dr. Obermeyer que, por sua
vez, chamou Jackson, o chefe da radiologia. Depois de Jackson haver examinado
a antiga chapa de Cassi, ele telefonou para Obermeyer, que telefonou de novo
para o chefe da anestesia, que telefonou para o funcionário da radiologia para
dizer que Cassi não precisava de outra radiografia do tórax.
O resto da admissão de Cassi foi mais suave, incluindo a visita ao laboratório
para tipagem de seu sangue e exame de urina. Por fim, Cassi foi depositada num
indescritível quarto de hospital azul claro, com dois leitos. Sua companheira de
quarto tinha 61 anos e um curativo sobre o olho esquerdo.
— Meu nome é Mary Sullivan — disse a mulher depois que Cassi se
apresentou. Ela parecia mais velha do que seus 61 anos porque não estava
usando dentadura.
Cassi imaginou a que tipo de cirurgia a mulher se submetera.
— Descolamento da retina — disse Mary, como que notando o interesse de
Cassi. — Eles tiveram que tirar meu olho fora e colá-lo de novo com um raio
laser.
Cassi riu apesar de si mesma.
— Não creio que tenham tirado seu olho fora — disse ela.
— Claro que tiraram. De fato, quando tiraram o meu primeiro curativo eu via
em dobro e achei que o tinham reposto na órbita.
Cassi não estava disposta a discutir. Desempacotou suas coisas, guardando
cuidadosamente a insulina e seringas na gaveta da mesinha de cabeceira. Ela
faria sua injeção normal naquela noite, mas depois disso não estaria em
condições de se medicar por si mesma até que fosse autorizada a fazê-lo por seu
clínico, o Dr. Mclnery.
Cassi vestiu seu pijama. Parecia uma tolice fazer isso àquela hora do dia,
porém ela o sabia, por que era uma regra do hospital. Fazendo com que os
pacientes usem roupas de dormir, isso os torna psicologicamente encorajados a
se submeterem à rotina do hospital. A própria Cassi podia sentir a mudança. Ela
era agora uma paciente.
Depois de todos os seus anos no hospital, ela se admirava de como se sentia
desconfortável sem o status de seu casaco branco. Só o fato de sair do quarto que
lhe foi designado a deixava pouco à vontade, como se estivesse talvez fazendo
algo de errado. E quando apareceu no 18º andar para visitar Robert, Cassi sentiuse
como uma intrusa.