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Médico Ou Semideus - Robin Cook

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Empurrando o jornal para o lado, Thomas levantou-se da cadeira e seguiu

Larry para o vestiário. Ao passarem por trás de George, Thomas pôde ouvi-lo

falar sobre formar uma nova comissão de ensino. Aquilo jamais parava! Nem a

pressão que George, como chefe do serviço, e Ballantine, como chefe do

departamento, aplicavam a Thomas, procurando convencê-lo a abandonar sua

clínica e juntar-se à equipe de tempo integral. Eles tentavam seduzi-lo com uma

cátedra de professor e, embora houvesse tido um tempo em que aquilo podia ter

interessado a Thomas, agora não lhe despertava qualquer atenção. Ele

conservaria sua clínica, sua autonomia, sua renda e sua sanidade. Thomas sabia

que, se passasse a trabalhar em tempo integral, seria apenas uma questão de

tempo para que lhe dissessem quem ele podia e não podia operar.

Não demoraria muito para que lhe destinassem casos ridículos, como o do

pobre retardado mental na sala dos catodos.

Tenso e irado, Thomas entrou no vestiário e abriu seu armário. Ao tirar o

avental de operar e jogá-lo dentro do cesto, ele se lembrou do flexível e macio

corpo de Laura Campbell apertado de encontro ao seu. Era uma imagem bemvinda

e agradável, que teve o efeito de suavizar seus nervos esfrangalhados.

Desde que havia saído da sala de operação, seu prazer de operar tinha-se

dissipado, deixando-o cada vez mais tenso.

— Como sempre, você fez um trabalho soberbo hoje — disse Larry, notando

a face soturna de Thomas e esperando agradá-lo.

Thomas não respondeu. No passado, ele teria adorado um cumprimento

desses, mas agora parecia não fazer qualquer diferença.

— É muito ruim que as pessoas não saibam apreciar os detalhes — disse

Larry, abotoando a camisa. — Elas teriam uma ideia totalmente diferente da

cirurgia, se a realizassem. E teriam também mais cuidado quanto a quem

deixariam operá-las.

Thomas continuou mudo, embora acenasse afirmativamente com a cabeça

para a verdade da afirmação. Enquanto vestia a camisa, ele pensava em Norman

Ballantine, aquele velho médico de cabelos brancos, amigável, que todo mundo

adorava e aplaudia. A questão era que Ballantine provavelmente não devia estar

mais operando, embora ninguém tivesse a coragem de dizer-lhe. Era do

conhecimento comum no departamento que uma das tarefas do residente-chefe

da cirurgia torácica era designar-se para assistir todos os casos de Ballantine, de

modo que pudesse socorrer o chefe quando ele cometesse algum erro. O mesmo

devia acontecer na clínica médica, achava Thomas. Ballantine, graças aos

residentes, conseguia resultados razoáveis e os pacientes e suas famílias o

adoravam, apesar do que acontecia quando o paciente estava anestesiado.

Thomas tinha de concordar com o comentário de Larry. Ele também achava

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