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Sam agiu como se esculpido em granito.
— Quero que fique bem quieto, tá? — insistiu Joseph.
Sam continuou imóvel. Joseph estava prestes a voltar sua atenção para a
bandeja quando a língua de Sam chamou mais uma vez sua atenção. A porção
exposta estava rachada e seca. Olhando mais de perto, pôde ver que os lábios de
Sam não estavam muito melhores. O rapaz parecia que tinha andado num
deserto.
— Está com um pouco de sede, Sam? — perguntou Joseph.
Joseph levantou os olhos para a endovenosa, notando que ela não estava
correndo. Com um toque de seu pulso, ele ligou-a. Não havia sentido em botar o
garoto desidratado.
Joseph adiantou-se para a bandeja e tirou a gaze das placas.
Um grito agudo, inumano, estilhaçou a tranquilidade da sala. Joseph girou
sobre si mesmo, com o coração na boca.
Sam havia arrancado o lençol e cravara as unhas no braço que recebia a
endovenosa. Seus pés começaram a bater sobre a mesa de raios X. Um grito
estridente ainda saía de seus lábios.
Joseph recuperou-se o bastante para puxar o fluoroscópio para longe das
pernas agitadas de Sam. Ele estendeu as mãos e colocou-as sobre os ombros de
Sam, para tornar a pô-lo sobre a mesa. Em vez disso, Sam agarrou seu braço
com tal força que chegou a gritar de dor. Incapaz de impedi-lo, Joseph observou
com horror que Sam empurrava sua mão para dentro da boca e depois enterrava
os dentes na base do polegar.
Agora foi a vez de Joseph gritar. Ele lutou para livrar o braço do aperto de
Sam, mas o rapaz era muito mais forte. Em desespero, Joseph ergueu um pé até
o lado da mesa de raios X e empurrou. Ele caiu para trás e trouxe consigo Sam,
que ficou por cima dele.
Joseph sentiu que Sam soltava seu braço apenas para fechar as mãos em
torno de sua garganta. A pressão aumentava dentro de sua cabeça, conforme o
rapaz apertava. Desesperadamente, tentou afastar as mãos de Sam, mas elas
pareciam de aço. O quarto começou a girar. Com uma última reserva de força,
Joseph meteu seu joelho na virilha do rapaz.
Quase simultaneamente, o corpo de Sam se ergueu em súbita contração, logo
seguida por outra e mais outra. Sam estava tendo uma crise de epilepsia e Joseph
ficou pregado no chão, sob o pesado corpo tomado por convulsões.
Finalmente, Sally se recuperou do choque e ajudou Joseph a se livrar. Os
olhos de Sam haviam desaparecido dentro de sua cabeça e o sangue se espalhava
num círculo cada vez maior que vinha de sua língua lacerada.
— Vá buscar socorro — disse Joseph, ofegante, enquanto apertava o próprio