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ficava dentro do porta-luvas.
A garagem, também protegida das intempéries por telhas de madeira e
cascalho, era completamente separada da casa. Havia um apartamento no
segundo andar, originalmente destinado aos empregados, onde residia a mãe
viúva de Thomas, Patricia Kingsley. Ela se mudara da casa principal quando
Cassi e Thomas se casaram.
O Porsche trovejou dentro da garagem e depois, com um estrondo final,
desligou-se. Cassi saiu, com cuidado para que a porta não ofendesse seu Chevy
estacionado ao lado. Thomas amava o Porsche tanto quanto seu braço direito.
Ela também fechou a porta do carro dele sem batê-la com muita força. Ela se
acostumara a bater as portas dos carros, algo que tinha sido uma necessidade
com o velho Ford da família. Em várias ocasiões Thomas havia ficado lívido
quando, apesar de suas leituras sobre os cuidados a serem dispensados ao
Porsche, ela voltava aos seus velhos hábitos.
— Está quase na hora — disse Harriet Summer, a governanta, quando
Thomas e Cassi entraram no hall. Para enfatizar o seu desprazer, ela certificou-se
de que eles a tinham visto consultar o relógio de pulso. Harriet Summer
trabalhava para os Kingsley desde que Thomas nascera. Ela era muito mais um
bem de família e devia ser tratada como tal. Cassi tinha aprendido isso muito
rapidamente.
— O jantar estará servido dentro de meia hora. Se vocês não estiverem lá,
vai ficar frio. Esta noite é o meu programa favorito de TV, Thomas, portanto eu
saio às oito e meia, haja o que houver.
— Vamos descer já — disse Thomas, retirando seu casaco.
— E pendure aquele casaco — disse Harriet. — Não vou ficar catando roupa
a toda hora.
Thomas fez o que ela mandou.
— E mamãe? — perguntou Thomas.
— Está como sempre — retrucou Harriet. — Ela almoçou bem e está
esperando a chamada para o jantar, portanto apressem-se.
Enquanto Thomas e Cassi subiam as escadas, ela se maravilhava com a
mudança em seu marido. No hospital era tão agressivo e autoritário, mas no
momento em que Harriet ou a mãe lhe pediam para fazer alguma coisa ele
obedecia.
No alto da escadaria, Thomas entrou em seu estúdio do segundo andar,
dizendo que veria Cassi em poucos instantes. Ele não esperou que ela
respondesse. Cassi não ficou surpresa e continuou a descer para o hall na direção
do seu quarto de dormir. Ela sabia que ele gostava de seu estúdio, que era como
que uma imagem refletida num espelho de seu gabinete no hospital, exceto pelo