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comparava as informações necessárias e colocava sobre a escrivaninha de
Ballantine, que as datilografava. Continha uma resumida história clínica de cada
paciente, uma lista de diagnósticos significativos e uma explicação do necessário
para a cirurgia. O objetivo era o de que todos os presentes à reunião
examinassem cada paciente e se certificassem de que a operação era necessária
ou aconselhável. Mas, em realidade, isso raramente acontecia, exceto se a pessoa
faltasse à reunião. Uma vez, quando Thomas esteve ausente, o departamento de
anestesiologia havia cancelado vários de seus casos, resultando numa lista que
ninguém provavelmente ia esquecer. Thomas continuava a rever as folhas até
que Ballantine mencionou qualquer coisa sobre as mortes. Thomas ergueu os
olhos.
— Infelizmente, houve duas mortes cirúrgicas esta semana — disse o Dr.
Ballantine. — A primeira foi um caso do departamento de ensino, Albert
Bigelow, um cavalheiro de 82 anos de idade que não pôde ser desligado da
bomba após uma substituição duplo-valvular. Ele havia sido programado como
uma emergência. Já chegou o relatório da autópsia, George?
— Ainda não — disse George. — Devo acentuar que o Sr. Bigelow era um
cara muito doente. O alcoolismo havia afetado seriamente seu fígado. Sabíamos
que ele estava assumindo um risco ao se entregar à cirurgia. Você ganha alguma
coisa e perde outras.
Seguiu-se um momento de silêncio. Thomas comentou sarcasticamente para
si mesmo que a inoportuna morte do Sr. Bigelow incitou uma discussão
estimulante. O irritante é que era este tipo de paciente que mantinha os pacientes
de Thomas esperando.
Ballantine relanceou o olhar; como ninguém falou, ele prosseguiu:
— A segunda morte foi a de um paciente meu, o Sr. Wilkinson. Ele morreu
na noite passada. Foi autopsiado esta manhã.
Thomas viu Ballantine olhar de modo inquisitivo para George, que balançou
a cabeça quase imperceptivelmente.
Ballantine limpou a garganta e disse que ambos os casos seriam discutidos
na próxima conferência sobre morte.
Thomas ficou admirado com o silêncio da comunicação. Lembrou-se do
estranho comentário que George fizera no vestiário. Thomas abanou a cabeça.
Algo estava ocorrendo entre Ballantine e George, e Thomas sentiu um toque
de desconforto. Ballantine dispunha de uma posição ímpar no centro médico.
Como chefe da cirurgia cardíaca, ele tinha uma cátedra na universidade e recebia
um salário. Mas Ballantine também possuía uma clínica particular. Era um
remanescente do passado, servindo de ponte entre os homens assalariados de
tempo integral como George e a equipe particular, como Thomas. Recentemente