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— Não — respondeu Cassi, convicta. As imagens estavam começando a
emergir de sua confusão mental. Ela podia lembrar-se da horrível sensação de
estar enclausurada dentro de seu próprio mundo, sentindo-se intensamente
vulnerável. Vulnerável e apavorada. Mas com pavor de quê?
— Escute — falou a Srta. Stevens. — Vou deixá-la tomar um pouco de leite.
Depois, a senhora vai tentar voltar a dormir.
Da próxima vez que Cassi olhou para o relógio já passava das sete. Thomas
estava de pé ao seu lado, seus olhos azuis inchados e congestionados.
— Ela acordou há cerca de duas horas — dizia a Srta. Stevens, de pé no
outro lado. — Seu açúcar sanguíneo está levemente baixo, mas parece estável.
— Estou tão contente por ver que você está melhor — falou Thomas,
notando que Cassi havia acordado. — Eu a visitei no meio da noite, mas você
não estava completamente lúcida. Como está se sentindo?
— Muito bem — disse Cassi. A água-de-colônia de Thomas estava
exercendo um efeito peculiar sobre ela. Era como se o cheiro do Yves St.
Laurent houvesse participado de seu devastador pesadelo. Cassi sabia que todas
as vezes em que tinha sido infeliz o bastante para sofrer de uma reação à
insulina, ela sempre tinha sonhos horríveis. Mas desta vez experimentava a
sensação de que o pesadelo não havia acabado.
O coração de Cassi bateu mais rápido, acentuando sua latejante dor de
cabeça. Ela era incapaz de dizer a diferença entre o sonho e a realidade. Sentiuse
aliviada alguns minutos mais tarde, quando Thomas se retirou, dizendo:
— Tenho uma operação a fazer. Voltarei assim que houver terminado.
Por volta do meio-dia, Cassi havia recebido a visita do Dr. Obermeyer e de
seu clínico e fora liberada da UTI. Foi então levada de volta ao seu quarto
particular, no fim do corredor. Mas fez um tal tumulto por se achar sozinha, que
finalmente a transferiram para uma unidade de muitos leitos, do outro lado do
posto das enfermeiras. Ela estava com três companheiras de quarto. Duas
haviam sofrido fraturas múltiplas e se achavam no aparelho de tração; a outra,
uma montanha de mulher, havia sido operada da vesícula e não estava passando
muito bem.
Cassi fez outro pedido insistente. Queria que lhe tirassem a injeção
intravenosa. O Dr. Mclnery tentou raciocinar com ela, argumentando que ela
tivera apenas uma severa reação à insulina. Ele lhe disse que se ela não houvesse
tomado a injeção original e recebido o açúcar que recebeu quando passou mal,
poderia ter entrado em coma irreversível. Cassi ouviu polidamente, mas se
manteve irredutível. A injeção endovenosa foi removida.
No meio da tarde, Cassi sentia-se muito melhor. Sua dor de cabeça havia
estacionado em um nível tolerável. Ela estava escutando suas companheiras de