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— O Sr. Campbell está pronto para o senhor — disse Larry, abrindo caminho
para que Thomas se aproximasse da mesa de operação. O paciente jazia com o
peito aberto, preparado para que o famoso Dr. Kingsley procedesse ao bypass.
Era costume no Boston Memorial que o assistente residente mais antigo abrisse e
fechasse tais operações.
Thomas colocou-se em posição, à direita do paciente. Como sempre fazia,
neste ponto, ele lentamente estendeu a mão para a ferida operatória e tocou o
coração que batia. A superfície úmida de suas luvas de borracha não ofereceu
resistência e ele pôde sentir os misteriosos movimentos do órgão pulsante.
O toque do coração pulsando levou Thomas de volta ao seu primeiro grande
caso como residente na cirurgia cardíaca. Ele já havia participado de muitas
cirurgias antes daquela, mas sempre como primeiro assistente, ou segundo
assistente, ou como mais alguém abaixo da linha de autoridade. Então, um
paciente chamado Walter Nazzaro foi admitido no hospital. Nazzaro tivera um
enfarte cardíaco maciço e não se esperava que vivesse. Mas viveu. Não só
sobreviveu ao ataque cardíaco, como sobreviveu à rigorosa avaliação pela qual a
equipe dos médicos da casa o fez passar. Os resultados do trabalho foram
impressivos. Todo mundo se impressionara e ficara a imaginar como Walter
Nazzaro havia vivido tanto quanto vivera. Ele era portador de doença oclusiva
em sua principal artéria coronária esquerda, que tinha sido a responsável por seu
ataque cardíaco. Ele também tinha uma doença oclusiva em sua artéria coronária
direita, com evidência de um antigo ataque cardíaco. Além disso, era portador de
doença das válvulas mitral e aórtica. E, depois, como se não fosse o bastante,
Walter tinha desenvolvido um aneurisma, ou um abaulamento da parede do
ventrículo esquerdo do coração, como consequência do seu mais recente ataque
cardíaco. Ele também apresentava um ritmo cardíaco irregular, hipertensão
arterial e uma doença renal.
Sendo Walter um tal repositório de patologia, era apresentado em todas as
reuniões, com cada qual dos presentes oferecendo várias opiniões. O único
aspecto de seu caso com que todos concordavam era o fato de que Walter se
constituía numa bomba de tempo ambulante. Ninguém queria operá-lo, exceto
um residente chamado Thomas Kingsley, que argumentava que a cirurgia era a
única chance de escapar à sentença de morte. Thomas continuava a discutir até
que todos ficavam doentes de ouvi-lo. Finalmente, o residente-chefe concordou
em permitir que Thomas se encarregasse do caso.
No dia da cirurgia, Thomas, que vinha trabalhando num método
experimental de auxílio à função cardíaca, inseriu um balão pulsátil de hélio na
aorta de Walter. Antecipando um distúrbio com o ventrículo esquerdo do
paciente, Thomas queria estar preparado. Só depois que a operação começou foi