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COMUNICAÇÕES 246 - Presidente do 32º Digital Business Congress - TIC fazem coisas excecionais

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“Vejo a reemergência <strong>do</strong>s movimentos extremistas como um sinal de que o sistema capitalista e a democracia precisam de fazer<br />

qualquer coisa”<br />

rias, que acabassem com a ideia de estratificação e de<br />

que o destino das pessoas é determina<strong>do</strong> à nascença.<br />

Considero que essa é uma matriz de esquerda. Mas, de<br />

feitio, sou intrinsecamente modera<strong>do</strong>, incrementalista,<br />

reformista.<br />

Falou <strong>do</strong> valor da liberdade, muito associa<strong>do</strong> a uma<br />

certa direita liberal.<br />

A liberdade é um valor da democracia. Não pertence<br />

à direita nem à esquerda. A ideia de liberdade é uma<br />

ideia de autodeterminação. Sou livre para dizer “sim”<br />

ou “não” aos meus clientes, às oportunidades profissionais<br />

e, com isso, manter integridade e fidelidade<br />

aos meus valores. E isso é facilita<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> temos independência<br />

económica. Por isso, uma sociedade desigual<br />

não garante liberdade aos mais frágeis. Limita<br />

a liberdade a quem tem dinheiro. E isso é inaceitável.<br />

Mas, como disse há pouco, sou modera<strong>do</strong> de temperamento.<br />

Talvez por ser jurista não acredito em revoluções;<br />

acredito em mudanças estabelecidas no seio<br />

da democracia. Aliás, acho que a história da democracia<br />

ocidental é uma história de progresso inequívoco<br />

para a humanidade. A emancipação das classes trabalha<strong>do</strong>ras<br />

aconteceu melhor nas sociedades ocidentais<br />

<strong>do</strong> que noutras.<br />

Preocupa-o, já agora, os movimentos extremistas a<br />

subirem de tom na Europa e em Portugal?<br />

Claro. Sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> os extremistas chegam ao<br />

sistema político e partidário e têm influência no voto.<br />

Isto, periodicamente, acontece na História. Sabemos<br />

que, quan<strong>do</strong> os regimes começam a falhar, quan<strong>do</strong><br />

deixam de assegurar um nível de bem-estar partilha<strong>do</strong>,<br />

geram descontentamento, geram revolta. Aparecem<br />

pessoas a oferecer revoluções, a dizer: “Estes que mandam<br />

não vos servem. Eu é que resolverei os vossos problemas”.<br />

Temos populistas de direita, como aconteceu<br />

nos fascismos nos anos 30 na Europa, mas também<br />

temos revoluções de esquerda, com os argumentos:<br />

“Trabalhamos 14 horas por dia e ganhamos um salário<br />

de fome”.<br />

Qual a solução?<br />

Quan<strong>do</strong> estas <strong>coisas</strong> acontecem, as sociedades ou<br />

conseguem reformar-se e encontrar um caminho que<br />

partilhe benefícios com to<strong>do</strong>s – como aconteceu com<br />

a construção <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> social na Europa ou com o New<br />

Deal nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, com o presidente Roosevelt,<br />

que reinventou a democracia e o sistema capitalista –,<br />

ou então temos extremismos e radicalismos. Normalmente,<br />

estes acabam mal, acabam em guerras. Vejo a<br />

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