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COMUNICAÇÕES 246 - Presidente do 32º Digital Business Congress - TIC fazem coisas excecionais

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dê num estalar de de<strong>do</strong>s. Demora muito tempo, é preciso<br />

manter as políticas consistentemente, por exemplo,<br />

educar a população, investir no sistema científico<br />

e tecnológico, dar incentivos às empresas para se internacionalizarem…<br />

Isso são <strong>coisas</strong> que, ao fim de vários<br />

anos, começam a dar resulta<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> olho para a<br />

estrutura produtiva da economia portuguesa de há 20<br />

anos percebo que muita coisa mu<strong>do</strong>u. Vejo muito mais<br />

orientação para os merca<strong>do</strong>s externos e uma diminuição<br />

<strong>do</strong> peso relativo <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> interno. Vejo pessoas<br />

muito mais qualificadas. Portanto, as <strong>coisas</strong> estão a<br />

acontecer.<br />

Mas mais devagar <strong>do</strong> que seria de esperar?<br />

Não sei se mais devagar ou mais depressa. Não partilho<br />

nada desta ideia de que a economia portuguesa está estagnada<br />

há 20 anos. Não acho que seja verdade! Uma<br />

economia estagnada é uma economia onde nada se<br />

passa. Há quem diga: em 20 anos o crescimento médio<br />

<strong>do</strong> PIB em Portugal foi na ordem de 1%. E é verdade,<br />

mas isso não significa que temos uma economia que<br />

se limitou a crescer 1%<br />

ao ano, sem que nada se<br />

passasse. É uma economia<br />

que, durante estes<br />

20 anos, teve perío<strong>do</strong>s de<br />

crescimento de produto,<br />

de destruição de produto,<br />

de novo crescimento e de<br />

nova destruição. Portanto,<br />

andámos assim, aos<br />

saltos. E, nesses saltos,<br />

houve uma alteração significativa<br />

da composição<br />

<strong>do</strong> nosso Produto Interno<br />

Bruto. Hoje, temos muito<br />

mais empresas exporta<strong>do</strong>ras,<br />

estamos a desenvolver uma economia de serviços<br />

tecnologicamente avança<strong>do</strong>s, de produção industrial<br />

cada vez mais complexa. Há 15 anos, o valor das nossas<br />

exportações era inferior a 30% <strong>do</strong> PIB e, hoje, é de 50%.<br />

Exportamos para muito mais merca<strong>do</strong>s e para merca<strong>do</strong>s<br />

muito mais exigentes. O investimento estrangeiro<br />

que atraímos é em setores tecnologicamente mais<br />

avança<strong>do</strong>s. Não é uma economia que esteve parada. É<br />

verdade que houve grupos económicos que desapareceram.<br />

Tivemos grande destruição de valor em alguns<br />

setores, mas noutros estamos a crescer. É este balanceamento<br />

que me dá nota de uma transformação estrutural.<br />

Portanto, quan<strong>do</strong> olhamos só para a média <strong>do</strong><br />

crescimento <strong>do</strong> PIB, não vemos isto.<br />

Não se conta a história toda, é isso?<br />

Não se conta a história toda.<br />

“Talvez por ser jurista não<br />

acredito em revoluções;<br />

acredito em mudanças<br />

estabelecidas no seio da<br />

democracia”<br />

Ainda assim, em termos de indica<strong>do</strong>res, a Roménia já<br />

passou à nossa frente…<br />

Se vocês forem à Roménia não vão achar que eles estão<br />

à nossa frente! Faz-se a comparação <strong>do</strong> PIB per capita<br />

relativamente à média da União Europeia (UE) e<br />

toda a média da UE está a subir. Portanto, nós temos<br />

uma economia mais madura <strong>do</strong> que esses países que<br />

ainda estão no início, ainda estão a crescer muito. Nós<br />

crescemos ao mesmo ritmo <strong>do</strong> que eles nos primeiros<br />

15 anos após a adesão à União Europeia e agora estamos<br />

a passar por este perío<strong>do</strong> de transformação. Outra<br />

questão tem a ver com a conversão <strong>do</strong> PIB per capita em<br />

paridades de poder de compra. Sabemos que 100 euros<br />

em Portugal compram muito mais <strong>coisas</strong> <strong>do</strong> que 100<br />

euros na Holanda, portanto, corrigimos o PIB português<br />

para nos aproximarmos mais da Holanda. Em termos<br />

reais, o nosso PIB é cerca de metade <strong>do</strong> que o da<br />

Holanda. Em termos de paridade de poder de compra,<br />

aproximamo-nos. A mesma coisa para a Roménia; de<br />

facto, 100 euros na Roménia compram muita coisa e<br />

essa correção também faz esse desvio. Essa métrica é<br />

importante, mas está longe<br />

de ser determinante. As<br />

métricas determinantes,<br />

as que nos mostram se estamos<br />

ou não a caminhar<br />

no senti<strong>do</strong> certo, são <strong>coisas</strong><br />

como o tipo de produção<br />

que vamos fazen<strong>do</strong>,<br />

com maior valor acrescenta<strong>do</strong>,<br />

se estamos ou não<br />

a ter uma economia mais<br />

internacionalizada, etc.<br />

Isto <strong>do</strong> ponto de visto económico.<br />

E <strong>do</strong> ponto de<br />

vista social?<br />

Do ponto de vista social temos indica<strong>do</strong>res como a<br />

escolaridade da população, indica<strong>do</strong>res de saúde, esperança<br />

de vida, qualidade ambiental, etc. Tu<strong>do</strong> isto<br />

nos mostra progressos indubitáveis. Queremos que a<br />

economia cresça para darmos melhor bem-estar e qualidade<br />

de vida à população.<br />

É um otimista? Acredita que há sempre maneira de<br />

dar a volta às dificuldades que se vão atravessan<strong>do</strong><br />

pela frente?<br />

Não sou um otimista. Mas acho que um <strong>do</strong>s grandes<br />

problemas que os portugueses têm é focarem-se apenas<br />

naquilo que acham que está mal. E <strong>fazem</strong>-no sem<br />

que isso crie um impulso de transformação. Pelo contrário,<br />

as nossas elites comprazem-se em ser cada vez<br />

mais sofisticadas e elegantes a dizer mal <strong>do</strong> país, como<br />

se o país não tivesse esperança. Isto deve vir tu<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

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