COMUNICAÇÕES 246 - Presidente do 32º Digital Business Congress - TIC fazem coisas excecionais
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
a conversa<br />
26<br />
Eça e daquela ideia de que isto é uma “choldra”, onde<br />
nada há a fazer. Na verdade, não conheço nenhum líder<br />
que consiga transformar a sua organização, dizen<strong>do</strong><br />
que ela é uma desgraça e que nada vale a pena.<br />
Pegan<strong>do</strong> nas críticas, como é que olha para a taxa de<br />
execução <strong>do</strong> PRR? Ouvem-se muitas queixas e toda a<br />
gente diz que estamos muito atrasa<strong>do</strong>s.<br />
Não tenho razão para dizer que está atrasa<strong>do</strong>. Aquilo<br />
que são os desembolsos que estavam programa<strong>do</strong>s<br />
estão a ser realiza<strong>do</strong>s. Projetos públicos e priva<strong>do</strong>s de<br />
grande escala demoram muito tempo a ser prepara<strong>do</strong>s<br />
e a sair cá para fora. Ouvi no outro dia a comissária<br />
Elisa Ferreira a dizer que Portugal é, julgo eu, o quarto<br />
país mais adianta<strong>do</strong> de toda a União Europeia. Acho<br />
é que temos um problema de conceção <strong>do</strong> programa.<br />
O nosso programa foi concebi<strong>do</strong><br />
para ser executa<strong>do</strong><br />
num perío<strong>do</strong> muito curto.<br />
Os espanhóis, por exemplo,<br />
pegaram em muitas<br />
<strong>coisas</strong> que já tinham em<br />
curso e decidiram financiá-las<br />
com verbas <strong>do</strong> PRR.<br />
Com a inflação a subir,<br />
com capacidades produtivas<br />
muito comprometidas<br />
por outras <strong>coisas</strong>, temos<br />
de ir gerin<strong>do</strong> passo a passo.<br />
Este programa é muito<br />
mais inflexível <strong>do</strong> que são,<br />
normalmente, os fun<strong>do</strong>s<br />
estruturais.<br />
O que é que isso significa?<br />
Significa que estamos muito amarra<strong>do</strong>s ao que foi inicialmente<br />
defini<strong>do</strong> e a Comissão Europeia não é nada<br />
flexível para rever o tipo de projetos ou os valores com<br />
que nos comprometemos, que hoje estão muito prejudica<strong>do</strong>s<br />
pela inflação que entretanto ocorreu.<br />
Mas toda a Europa vai ter este problema de concretizar<br />
PRR até 2026, certo?<br />
Sim, toda a Europa está a ter estes problemas. Não estamos<br />
mais atrasa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que os outros.<br />
O PT 2023, por sua vez, entretanto já arrancou.<br />
Sim, mas aí temos mais flexibilidade, quer em termos<br />
de tempo, quer em termos de definição <strong>do</strong>s projetos<br />
que vamos apoiar.<br />
“Não me defino como<br />
político. Defino-me como<br />
cidadão que exerceu<br />
temporariamente funções<br />
políticas, que é uma coisa<br />
diferente”<br />
Recentemente, num evento da Missão Portugal <strong>Digital</strong>,<br />
foi apresenta<strong>do</strong> um estu<strong>do</strong> que diz que as empresas<br />
portuguesas ainda estão numa fase embrionária<br />
<strong>do</strong> processo de transformação digital. Preocupa-o esta<br />
conclusão?<br />
Preocupa-me. Aliás, o plano de ação <strong>do</strong> Portugal <strong>Digital</strong><br />
foi lança<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> eu estava no governo e, como<br />
ministro da Transição <strong>Digital</strong>, na altura, fizemos um<br />
diagnóstico muito exaustivo, quer <strong>do</strong> ponto de vista<br />
da qualificação das pessoas, quer <strong>do</strong> ponto de vista<br />
da situação das empresas e da Administração Pública.<br />
Conclusão: as tecnologias digitais já atingiram um<br />
grau de maturidade tal, que podem permitir dar saltos<br />
qualitativos muito rápi<strong>do</strong>s, mas, para isso, nós precisamos<br />
de fazer um enorme esforço de qualificação –<br />
das pessoas, das empresas e da Administração Pública.<br />
Portanto, o plano estava<br />
muito vocaciona<strong>do</strong> para<br />
melhorar as qualificações,<br />
reduzir a iliteracia digital,<br />
requalificar trabalha<strong>do</strong>res<br />
nos seus postos de trabalho,<br />
permitir às empresas<br />
utilizarem melhor as tecnologias<br />
digitais e adaptarem<br />
modelos de negócio<br />
para beneficiarem disso. E<br />
estava vocaciona<strong>do</strong> para<br />
a Administração Pública<br />
também. A convicção<br />
que tenho é que só vamos<br />
aumentar a eficiência, a<br />
eficácia e a transparência<br />
da Administração Pública se usarmos as tecnologias<br />
digitais, com reinvenção de processos. Ainda assim,<br />
se compararmos os valores agora, com os de há três ou<br />
quatro anos, percebemos que fizemos progressos consideráveis,<br />
em praticamente todas as áreas.<br />
O estu<strong>do</strong> aponta vários problemas: a iliteracia, sobretu<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>s empresários, a fraca capacidade de investimento<br />
e a falta de estratégia.<br />
Mas a falta de estratégia tem a ver com as baixas qualificações.<br />
Temos um problema de base que é a qualificação<br />
<strong>do</strong> nosso teci<strong>do</strong> empresarial. Somos um país<br />
que só nos últimos 50 anos é que começou a investir<br />
na educação. A nossa classe empresarial é hiper-talentosa,<br />
hiper-empreende<strong>do</strong>ra, mexe-se o mais possível,<br />
mas quan<strong>do</strong> as qualificações de base têm limitações,<br />
as pessoas têm tetos naturais relativamente ao patamar<br />
onde conseguem chegar. Isso limita o potencial