COMUNICAÇÕES 246 - Presidente do 32º Digital Business Congress - TIC fazem coisas excecionais
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edit orial<br />
Eduar<strong>do</strong> Fitas eduar<strong>do</strong>.fitas@accenture.com<br />
Quan<strong>do</strong> a maior oportunidade<br />
depende da maior desvantagem<br />
Ao fazer este editorial para uma edição que fala<br />
<strong>do</strong> investimento tecnologicamente exigente<br />
que o nosso país está a captar, a Fundação José<br />
Neves publicou o “Esta<strong>do</strong> da Nação 2023”. Trata-se<br />
de um estu<strong>do</strong> onde a educação e capacitação da<br />
nossa força de trabalho são analisadas de forma estruturada<br />
e profunda. E as suas conclusões deixam algum<br />
“amargo de boca”.<br />
Talvez porque a evolução tenha si<strong>do</strong> significativa<br />
nos últimos tempos, a tendência da maior parte <strong>do</strong>s<br />
membros deste ecossistema é fazerem análises demasia<strong>do</strong><br />
positivas, num setor que ainda necessita de<br />
mudanças estruturais. Mas, se fica claro que as competências<br />
digitais são críticas para entrar no merca<strong>do</strong><br />
de trabalho, “quatro em cada 10 trabalha<strong>do</strong>res portugueses<br />
estão em empregos em que, ou não utilizam<br />
tecnologias digitais, ou <strong>fazem</strong> uma utilização muito<br />
básica das mesmas. E 48% das empresas têm um nível<br />
de digitalização baixo”.<br />
Entendi<strong>do</strong> o diagnóstico da situação atual, é evidente<br />
a necessidade de acelerar a aquisição de competências<br />
digitais pela população adulta, uma vez que<br />
75% não as possui. O caminho passa por repensar e<br />
reestruturar o ensino, o que será sempre uma iniciativa<br />
de médio e longo-prazo, para a qual já vamos atrasa<strong>do</strong>s.<br />
Portugal é o país da UE com <strong>do</strong>centes mais envelheci<strong>do</strong>s<br />
e onde a carreira é menos atrativa, as escolas<br />
não estão preparadas para um ensino basea<strong>do</strong> em tecnologia<br />
e os programas não estão particularmente alinha<strong>do</strong>s<br />
com estes princípios. Se existe uma área cujo<br />
desenvolvimento se deveria definir como missão para<br />
o país é exatamente esta.<br />
A necessidade de investir na formação superior, alinhada<br />
com competências digitais e tecnológicas, uma<br />
vez que a procura existe e que o crescimento económico<br />
<strong>do</strong> país deve alicerçar-se nestas oportunidades, é<br />
cada vez mais urgente. O estu<strong>do</strong> deixa claro que “seis<br />
em cada 10 empresas interessadas nestes especialistas<br />
reportaram dificuldades de recrutamento, principalmente<br />
devi<strong>do</strong> às expectativas salariais e à falta de candidatos”.<br />
Outro da<strong>do</strong> para refletir é que, apesar da crescente<br />
procura, <strong>do</strong> potencial ainda a explorar e da escassez de<br />
recursos qualifica<strong>do</strong>s, o ganho salarial associa<strong>do</strong> a uma<br />
formação superior, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com uma formação<br />
secundária, está a atingir mínimos históricos.<br />
O que é um contrassenso. Uma das explicações mais<br />
óbvias e imediatas é a de que as empresas estão a tentar<br />
ganhar competitividade através da redução de salários<br />
para recursos qualifica<strong>do</strong>s, em vez de o fazerem<br />
por transformação das suas operações ou por crescimento<br />
no merca<strong>do</strong>.<br />
A má notícia é que rapidamente poderemos ficar<br />
sem acesso a estes recursos porque, sen<strong>do</strong> escassos,<br />
serão bem mais reconheci<strong>do</strong>s noutros merca<strong>do</strong>s. E,<br />
nesse caso, não vamos ficar com a matéria-prima necessária,<br />
nem para transformar as nossas empresas,<br />
nem para criar centros de excelência tecnológica, que<br />
podem ser fonte de crescimento económico. Se a esta<br />
redução de compensação somarmos uma carga fiscal<br />
completamente desajustada, é fácil concluir o risco<br />
que corremos, se efetivamente deixarmos de ser interessantes<br />
enquanto país para quem, com qualificações<br />
superiores, quer desenvolver carreira.<br />
Há muito que refletir, mas, independentemente<br />
das dimensões de análise, vale a pena a leitura deste<br />
trabalho, como inspiração para um movimento que<br />
se exige que seja de to<strong>do</strong>s. Esta<strong>do</strong> da Nação 2023 (https://www.joseneves.org/esta<strong>do</strong>-da-nacao-2023).•<br />
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