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A BRUXA DO MONTE CÓRDOVA

Untitled - Luso Livros

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Estes frades, guinando com os olhos entre a guapa rapariga e Tomás de S.Plácido, segredavam e sorriam, como se houvessem dado no disfarce dos dois,o discreto monge, desconfiando que os seus espiões o delatassem, como játinham feito das expressões blasfemas arguidas pelo dom abade, saiu do coroe foi espreitar de outra galeria a jovem.Tinha o frade imã que norteava os olhos de Angélica. Lá o enxergou atravésdo rótulo da galeria. Como ela o conheceu! O amor é, além de tudo que estádito, uma coisa que falta dizer: é um telescópio. A saudade dos entes mortosalcança ainda mais pelo infinito dentro. Vêem-se as almas na via láctea:diferençam-se as asas brancas de um querubim da lumieira alvacenta dasmiríades de estrelas. Dizem-no os poetas. Vem a prosa e desdenha,matraqueando, estes tresvalios da ótica. Que sabe — mos nós, raça dealeijados, disso que poetas sabem e veem?! O cego que negasse a formosurade uma veiga de boninas e a copa de uma floresta banhada de luar far-nos-iadó. A cegueira do coração não deixa ver senão o que a ciência infere e a mãoapalpa. Dizem por aí "coração morto": não está morto; está cego. Eu, quandoleio dante ou swedenborg, lastimo-me: não veio, não os entendo; e, todavia,creio. Fé em deus e fé nos poetas que são, uma ou duas primaveras da suavida, emanações puras de deus. Fé, sem esperança de comungar com eles namesa eucarística do seu divino pão. Injuriemo-los, se nos rói a inveja;admoestemo-los porque nos atiram flores ao nosso lameiral; apupem-se ospálidos videntes que nos esfolham as suas rosas do céu e tecem dos nossos

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