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A BRUXA DO MONTE CÓRDOVA

Untitled - Luso Livros

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Era, pois, ali a casinha de Angélica Florinda. A modéstia, senão pobrezaexterior, desdizia da limpeza da mobília. As vizinhas pasmavam-se de verlustrosas cadeiras e mesas a entrar em casa tão de pobres. Mais as maravilhavade ver um guapo alferes de lanceiros e senhora tão formosa e sécia moradoresde tal barraca!Na próxima habitação vivia o camarada do alferes, por ele escolhido entre osbons soldados vindos dos açores. A mulher do camarada auxiliava Angélicano serviço da sua cozinha. Os recursos medianos do militar, acrescidos com azelosa economia da sua companheira, abastavam à mediania, sendo muitoprovável que o amor lhes dourasse o que era pobreza.Amar, amavam-se quanto podem almas unidas desde a primeira e virginalaspiração: porém, para a felicidade perfeita, ou ainda imperfeita dos bens destavida, faltava-lhes muito: era a paz, a segurança do dia seguinte, ou se quer odescuido de calamitosas eventualidades.Não podiam iludir-se. Angélica Florinda, cada vez que Tomás se despedia,dizendo-lhe "até logo", seguia-o com os olhos cegos de lágrimas. "quem te dizque o tomarás a ver?! ", batia-lhe no coração esta ameaça do presságio. E ele,voltando sobre ela o derradeiro lance de vista, enegrecia-se-lhe o coração, e doíntimo pedia à divina providência que o defendesse da morte.Parece que deus lhe escutava a prece. Os acasos não explicam bem ao seguroa felicidade do alferes nos sucessivos recontros em que arriscou a vida, como

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