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A BRUXA DO MONTE CÓRDOVA

Untitled - Luso Livros

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O velho voltou para a sua casa. Aí é que foram as lançadas mais penetrantes.Soledade irremediável! Não tinha parentes, nem afeições, nem alguém que lheespertasse recordações dos seus amigos mortos e perdidos. Desconfiou damorte e desejou-a. Orvalhou-lhe o céu, neste aridíssimo desapego da vida,uma lembrança consoladora: e foi, se o seu menino, por ser de compleiçãodébil, voltaria doente para a pátria. Aí começou o velho a pedir forças a deus,a divertir o espírito na lide do seu negócio, a edificar esperanças e a fundi-lasem certeza de que o seu menino voltaria breve, afugentado pelos ares doentiosdo rio de Janeiro.Recebeu carta no primeiro navio que voltou a Portugal. Alguns caracteres daescrita vinham delidos nas lágrimas. O mocinho confessava o seu pesar de terouvido os lisonjeiros convites dos amigos. Era a estranheza dos costumes quelhe contristava tudo. Acolheram-no graciosamente os pais dos condiscípulos;mas bem sabia ele que o começo da sua carreira mercantil ia ser trabalhoso eenvilecido, em vista do modo como ele via tratados os que tinham de ser seuscompanheiros.João António, ao mesmo passo que lastimava o seu infeliz menino, alegrava-seesperançado na vinda. Foi ter-se com os brasileiros seus conhecidos, mostroulhea carta, e a todos encarregou de lhe mandar abono de passagem à mesa docapitão, e tudo mais que o menino necessitasse. Dissuadiam — no do intentoos ricaços, que tinham começado a explorar a mina do ouro, ensanguentandoas mãos nos veios da rocha viva. Admoestavam-no a que não impedisse com

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