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A BRUXA DO MONTE CÓRDOVA

Untitled - Luso Livros

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— Sou deste vale de lágrimas — respondeu ela. — e como se chama? — apenitente. — para onde vai? — não sei, minhas irmãs em jesus cristo. As duasmulheres voltaram, rezando de parçaria a coroa, que não rezavam, desdemuito, e propalaram na terra que tinha pernoitado em Valongo uma santa.A seguinte noite velou-a, com intervalos de curto dormir, num lugar chamadotorrão. Esmolou albergue no palheiro de um lavrador. Gemeu com dores dofrio da noite passada, e consolou-se interiormente deste padecimento novo.Ao outro dia, por volta da tarde, chegou a S. Pedro de Alvite, à porta da casaonde tinha nascido. Pediu agasalho a uma esbelta rapariga, que devia ser filhado seu irmão.Era em Novembro. Nevava. Angélica ia transida de frio. Mandaram-na entrarpara a cozinha e aquecer-se à fogueira. A volta do toro abraseado estavamdoze pessoas. Angélica Florinda encarou em todas e desconfiou que uma dasmais velhas devia ser seu irmão. A mulher idosa, que devia ser cunhada, não aconheceu. Fazia neste ano vinte e seis que ela tinha fugido daquela casa.Parecia-lhe, circunvagando os olhos pelas alfaias da cozinha, que tudo estavacomo ela o deixara. O que ela não via era os dois velhos, seus pais, que sereviam na formosura dela. O mais, tudo. O mesmo escano. A mesmaassadeira das castanhas pendente do caniço. A mesma trempe de pedra. Omesmo gomil de estanho com vinho. A amotolia pendurada no mesmo paubifurcado atrás do lar.

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