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A BRUXA DO MONTE CÓRDOVA

Untitled - Luso Livros

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Bem é de entender que Tomás de Aquino albergava no seio, aindaincontaminado das licenciosidades militares, políticas e civis do tempo,tenções virtuosas a respeito de Angélica Florinda.Ela, de per si, demonstrou quanto podia a felicidade de sentir-se querida:parecia não saber expressões com que mostrar-se grata ao generoso propósitodo seu amado. O que de si consigo Angélica não acreditava até certo tempoera que o frade de S. Miguel de refojos pudesse ainda ser seu marido, semenorme ultraje e afronta das leis da igreja católica. As velhas mais antigas doconvento diziam-lhe que nunca se vira semelhante coisa; sua ama, porém, comter visto menos que as velhas, era de parecer que sim, que podia ainda casarcom o frade; visto que passar de monge bento a alferes de lanceiros valia tantocomo passar de frade ou alferes solteiro a frade ou alferes casado.Assentadas estas esperanças no coração dos dois, já ambos tinham com querebater os argumentos da virtude, se ela os quisesse impedir nalgumexpediente desonroso. Mas aconteceu — e não há nada singular no sucesso— que, estando Tomás de Aquino a pensar no grave lance de tirar Angélicado convento, a virtude receada e receosa talvez, não lhe saiu com argumentoimportante, que mereça notar-se; e bem assim, com relação à rapariga, deu-seo caso de estar ela vigilantíssima sonhando que o seu alferes a convidava adeixar a triste e baixa condição de criada, e não sentiu o rosto mais aquecidoque o ordinário, ou porque o rubor do pejo não costuma mostrar-se semespectadores, ou porque o fogo mais intenso do amor ultrapassou as ardências

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