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A BRUXA DO MONTE CÓRDOVA

Untitled - Luso Livros

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alta noite. Não era a morte: era o milagre da vida represada para não sentir asdores: era a cloroformização do céu.Ao entreluzir da aurora, passavam almocreves. Viram aquele vultoenconchado entre uma fraga e o côncavo de uma vala. Sacudiram a mulhersopitada: viram-lhe nos olhos luz expirante de vida. Deitaram-na entre umacarga e deixaram-na entregue aos lavradores da primeira aldeia que toparam. Aaldeia demorava às abas do monte Córdova, serra que se empina e ondeia comas suas fragosíssimas encostas até à vila de santo tirso.Seria, porventura, a modorra de Angélica uma "purgação de fogo" comodizem o ascetas? Seria; mas, no verbo profano do cirurgião que viu apobrezinha, chamava-se aquele modo de ser um ir-se deste mundo.Prova da incompetência do cirurgião para entender daquelas fases unitivas,anagógicas, raptos, êxtases, ou o que fossem, é que Angélica não morreu.Volvidos cinco dias estava em pé, contando aos caridosos abegões da aldeiaque não dera tento do seu desmaio nem sabia como fora trazida da serra.Aqui começou a nomeada da santidade da pobre. Logo veremos como aquelegentio das aldeias do Córdova confundirá a santidade com o bruxedo.Um quarto de légua distante desta aldeia, chamada caparães, bem no agro e nuda serra, alvejava uma ermida, que as saraivas e sóis tinham descaliçado. Ao pé

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