16.04.2013 Views

40 Anos de Acrobacia no Ar - Aeroclube de Bebedouro

40 Anos de Acrobacia no Ar - Aeroclube de Bebedouro

40 Anos de Acrobacia no Ar - Aeroclube de Bebedouro

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

CESSNINHA RECUPERADO<br />

Decolo da Ilha das Peças <strong>no</strong> Cessninha com 150 quilos <strong>de</strong> camarão. O tempo estava fechado, por<br />

baixo não dava, sobre a baía tinha um buraco azul. Começo a subir, circulando para atingir o topo, 150<br />

quilos era muito peso para o Cessninha, que subia muito <strong>de</strong>vagar. Atinjo 6 mil pés, estou <strong>no</strong> topo rumo<br />

65° direto para São Paulo, sendo que <strong>de</strong> Paranaguá direto São Paulo, era uma hora e trinta minutos <strong>de</strong> vôo<br />

sempre em cima da crista da Serra do Mar. Estou <strong>no</strong> topo, acerto o rumo, acendo um cigarro , aquele<br />

branco que não tem fim, 2.500 RPM, 30 minutos <strong>de</strong> vôo o tempo em baixo, sempre fechado. <strong>40</strong> minutos,<br />

o regime volta, mas a 2.<strong>40</strong>0 não era gelo. Consulto os manômetros, tudo OK. O tempo continua na<br />

mesma, 50 minutos, o regime cai para 2.350. Estou preocupado, <strong>de</strong>vo estar <strong>no</strong> meio da viagem.<br />

Conheço bem a região e sei que estou voando sobre a mata virgem. O regime cai mais para 2.300,<br />

consulto tudo, está tudo em or<strong>de</strong>m. 2.250, com aquele peso o Cessninha começa a per<strong>de</strong>r altura. 2.200,<br />

já começo a raspar as nuvens, já não sabia mais qual a direção a tomar, se para o mar ou para a terra, não<br />

via o fim do topo.<br />

Começo a entrar nas nuvens. Até ali eu não tinha tentado recuperar o regime com a manete, mas<br />

quando entrei nas nuvens, apelei para a manete. O motor roncou gostoso, 2.500 RPM, recupero altura,<br />

acerto o rumo. Acendi um cigarro, como não tinha atarraxado a trava da manete e a mesma ia voltando<br />

<strong>de</strong>vagar, logo na minha frente tinha um buraco, furei para baixo sem <strong>no</strong>vida<strong>de</strong>.<br />

Nas viagens <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> peixes em Cananéia até a Ilha das peças, aterrava <strong>de</strong> 8 a 9 vezes <strong>no</strong>s pontos<br />

dos pescadores. O último era a praia <strong>de</strong>serta, praia esta uns quarenta quilômetros <strong>de</strong> extensão, sendo esta<br />

praia a primeira praia do Estado do Paraná.<br />

Na praia <strong>de</strong>serta morava um casal <strong>de</strong> velhos pescadores e tinha duas filhas, quando passava na hora<br />

certa estavam <strong>no</strong> barranco, todas pintadas com urucum, quando passava fora do horário elas não<br />

apareciam.<br />

Quando era para eu aterrar nessa praia para carregar peixe, o sinal era feito com um trapo qualquer<br />

espetado num pau. Esse casal <strong>de</strong> velhos sempre me faziam encomendas para trazer <strong>de</strong> Paranaguá. Para<br />

eles era o tempo dos mil réis, então era 1 tostão <strong>de</strong> fumo, duzentos réis <strong>de</strong> querosene , quinhentos réis <strong>de</strong><br />

pinga e assim por diante. Todos os dias se repetia a mesma dose <strong>de</strong> encomendas. Um dia eu resolvi e<br />

multipliquei tudo por cem, enchi um saco e levei para os velhos. Pelo me<strong>no</strong>s por uma temporada não me<br />

iam fazer encomendas. O velho ficou muito atrapalhado e disse que nunca iria po<strong>de</strong>r me pagar, eu lhe<br />

disse que não precisava pagar. No dia seguinte eu vinha com bastante carga e a maré estava cheia, mas lá<br />

estava a ban<strong>de</strong>ira do velho, fiquei com dó <strong>de</strong> passar direto sem aterrar com dificulda<strong>de</strong>s, rolei para a casa<br />

do velho e perguntei: “cadê os peixes ?” “Eu hoje não pesquei, punhei a ban<strong>de</strong>ira só para o senhor me<br />

trazer um carretel <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> Paranaguá”. Ele queria um carretel <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> costura, como me referi<br />

antes, essa praia <strong>de</strong>serta tinha <strong>40</strong> a 50 quilômetros. Esse casal <strong>de</strong> velhos eram os únicos moradores, não<br />

conheciam Paranaguá e muito me<strong>no</strong>s Cananéia .

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!