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40 Anos de Acrobacia no Ar - Aeroclube de Bebedouro

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FESTA EM JUIZ DE FORA<br />

Vinte oito <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1978 festa em Juiz <strong>de</strong> Fora, os dois BUCKER do <strong>Aeroclube</strong> <strong>de</strong> São Paulo<br />

“pifados”, sei que a turma <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora faz questão que eu vá com o BUCKER, não tem outro jeito,<br />

preciso apelar para o <strong>Aeroclube</strong> <strong>de</strong> Rio Claro, que se diga <strong>de</strong> passagem com muita má vonta<strong>de</strong>. Um dia<br />

antes da festa estou em Rio Claro acertando com os intocáveis diretores do <strong>Aeroclube</strong> <strong>de</strong> Rio Claro, tudo<br />

certo, sem problema nenhum, pois pensavam eles que seu estaria voltando e que tudo tinha passado, e<br />

também entrava uma <strong>no</strong>ta grossa <strong>no</strong> minguado cofre do <strong>Aeroclube</strong> <strong>de</strong> Rio Claro. O BUCKER lá <strong>no</strong> pátio<br />

sendo reabastecido, asa esquerda meio baixa, perto do chão, o avião está torto, comentei com os<br />

mecânicos o porquê daquilo. A resposta foi que o sandow do trem estava ruim daquele lado e que seria<br />

trocado na volta <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora. Tudo pronto, checado, rumo Juiz <strong>de</strong> Fora com escala em Volta<br />

Redonda. Tudo funciona bem, o motor está com 30 0u <strong>40</strong> horas <strong>de</strong> vôo <strong>de</strong>pois da revisão total, o<br />

funcionar macio me inspira confiança, não vou pelo caminho das pedras, para ganhar alguns minutos toco<br />

direto por cima daquela morraria toda, 2.000 metros <strong>de</strong> altura. Bragança já ficou para trás, ima porção <strong>de</strong><br />

cida<strong>de</strong>zinhas do sul <strong>de</strong> Minas, não tenho mapa a bordo, não consigo i<strong>de</strong>ntificá-las. Lá na esquerda uma<br />

maior, <strong>de</strong>ve ser Itajubá, uma um pouco à direita, Campos do Jordão, estou em plena serra da Mantiqueira,<br />

o tempo está bom, consulto o relógio, 2 horas que <strong>de</strong>colei <strong>de</strong> Rio Claro, não há nada a fazer senão segurar<br />

o manche e os pés <strong>no</strong>s pedais constantemente senão entorta, sai da reta e outras coisas, nesta altura faz<br />

frio, entra vento por todos os cantos, procuro com a gola da blusa proteger o pescoço,a mão esquerda não<br />

tem o que fazer, enfio-a entre AA parte traseira e o pára-quedas para esquentar, os olhos vão divagando a<br />

busca <strong>de</strong> um lugar em caso <strong>de</strong> pane, mas este lugar nestas paragens não existe. Duas personagens em<br />

briga, a do bom senso que diz, vire para a direita e vá em busca do vale cheio <strong>de</strong> campos <strong>de</strong> pouso e<br />

arrozais, a outra <strong>de</strong> idiota e <strong>de</strong> machão, mantenha a reta, dê lugar para outro. O vale vem se aproximando,<br />

Guará um pouco à direita lá na frente, o horizonte lá longe está escuro, será chuva ? CB ? Bruma ? O<br />

moral agora sobe, a pista <strong>de</strong> Guará está lá embaixo, alcanço ela tranqüilo em planeio, me preocupa só<br />

aquele escuro lá na frente, que pelos meus cálculos <strong>de</strong>vem estar em Volta Redonda, à medida que vou me<br />

aproximando o pretão aumenta. Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cruzeiro, o campo do Chefe está lá embaixo, per<strong>de</strong>ndo altura,<br />

2.300 RPM, velocida<strong>de</strong> 180 km, a Rodovia Dutra está lá embaixo, cheia <strong>de</strong> caminhões, Represa do Funil,<br />

Rezen<strong>de</strong> na frente, estou a 500m. <strong>de</strong> altura, o pretão é valente chuva que está entre Rezen<strong>de</strong> e Volta<br />

Redonda, uns pingos d’água <strong>no</strong> pára-brisa, o BUCKER sacoleja, reduzo o motor, estou em cima da pista <strong>de</strong><br />

Rezen<strong>de</strong>, não pretendo aterrar, procuro a Dutra para ir <strong>no</strong> rasante, em cima da mesma até Volta Redonda,<br />

a chuva é forte, persisto, entra água <strong>no</strong> BUCKER por todos os lados, já estou todo molhado, pensando fazer<br />

180° <strong>de</strong> volta para Rezen<strong>de</strong>, a chuva diminui, já vejo aquela poluição colorida da Si<strong>de</strong>rúrgica <strong>de</strong> Volta<br />

Redonda, acabou a chuva, entro <strong>no</strong> tráfego <strong>de</strong> Volta Redonda, em cima da pista dou umas cambalhotas<br />

para dar o cartão <strong>de</strong> chegada e aterro. Três horas e quinze minutos <strong>de</strong> vôo <strong>de</strong> Rio Claro a Volta Redonda.<br />

Um papo com os amigos dali, gasolina e óleo, <strong>de</strong>colo <strong>de</strong> <strong>no</strong>vo rumo a Juiz <strong>de</strong> Fora, mais umas<br />

cambalhotas na <strong>de</strong>colagem aten<strong>de</strong>ndo a vários pedidos e lá vou eu ganhando altura, o terre<strong>no</strong> por aquelas<br />

bandas não é muito convidativo, o tempo não está bom, lá na frente está escuro <strong>no</strong> meu rumo,<br />

relâmpagos, 1.000 metros <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> em relação ao nível, estou por baixo das nuvens e rente aos morros.<br />

Trinta minutos <strong>de</strong> vôo, faltam 10 ou 15 minutos para chegar em Juiz <strong>de</strong> Fora, a chuva <strong>de</strong>saba na frente,<br />

preciso mudar o rumo 30°à esquerda, começo a me arrepen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> não ter enchido por completo o tanque<br />

<strong>de</strong> gasolina, pois só tinha colocado 30 litros, como o vôo ia ter<strong>no</strong> máximo uma hora <strong>de</strong> Volta Redonda a<br />

Juiz <strong>de</strong> Fora, eu não queria chegar com muita gasolina para não ter peso à toa na hora da festa, mas agora<br />

é tar<strong>de</strong>, não adianta pensar naquilo que não fez, é para frente que para trás também arrui<strong>no</strong>u, o tempo<br />

fechou, chuva para todos os lados, 45 minutos <strong>de</strong> vôo, uma rodovia <strong>no</strong>va embaixo, Juiz <strong>de</strong> Fora <strong>de</strong>ve estar<br />

à minha direita, acompanho a rodovia, o CB na frente, raios por todos os lados,começa a aparecer casas,<br />

sei que o campo é lá em cima dos morros, reconheço que é Juiz <strong>de</strong> Fora, mas a chuva é muito forte na<br />

zona do campo <strong>no</strong>vo, sigo rumo ao campo velho, lá <strong>no</strong> Benfica e a chuva é me<strong>no</strong>s, circulo o campo velho,<br />

não há mais condição <strong>de</strong> pouso, acabaram com o campo, minha alternativa seria Barbacena, mas a<br />

gasolina não dava para chegar até lá. Sobre a cida<strong>de</strong> e o campo <strong>no</strong>vo o temporal é violento. Meu<br />

marcador <strong>de</strong> gasolina já sumiu, quando isto acontece <strong>de</strong>ve ter gasolina para mais uma hora <strong>de</strong> vôo, mas o<br />

moral fica abaixo <strong>de</strong> zero, em tor<strong>no</strong> do local on<strong>de</strong> estou circulando tem uma avenida asfaltada sem<br />

trânsito nenhum, me amarro nela e continuo circulando, a chuva pelo lado do campo <strong>no</strong>vo está passando,<br />

rumo para lá.

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