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40 Anos de Acrobacia no Ar - Aeroclube de Bebedouro

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É necessário falar algo sobre Cananéia.<br />

FALAR DE CANANÉIA<br />

Depois <strong>de</strong> ter passado vários a<strong>no</strong>s dando duplo comando e vivendo em cida<strong>de</strong>s gran<strong>de</strong>s, o motivo<br />

maior <strong>de</strong> eu ter ido para aquelas bandas era por gostar <strong>de</strong> star perto do mar. Lá eu me sentia meio<br />

escondido, estava cansado <strong>de</strong> voar em festas a troco <strong>de</strong> palmas, estava fazendo um cheque comigo mesmo<br />

para ver se eu conseguia parar <strong>de</strong> fazer acrobacias, o que não foi possível.<br />

Muitos amigos me solicitaram, era um <strong>Aeroclube</strong> que estava morrendo, precisava faze festa para<br />

levantar o moral. Festa em <strong>Aeroclube</strong> é como um circo, precisa <strong>de</strong> palhaço e eu era o dito cujo, e assim<br />

continuava e continuará não sei até quando, meu organismo exige, principalmente G negativo, pois eu<br />

gosto <strong>de</strong> emoções, a emoção que acrobacia baixa dá é uma emoção <strong>de</strong> auto-controle, não po<strong>de</strong> ter mais<br />

erros, o planejamento, a velocida<strong>de</strong>, a altura, a simetria da ma<strong>no</strong>bra a 200 quilômetros por hora, a 5 ou 6<br />

metros do chão com avião em um vôo invertido é uma emoção, uma emoção sob controle, um automóvel<br />

a 180 quilômetros por hora também é uma emoção, mas não é uma emoção controlada como <strong>no</strong> avião.<br />

Cananéia, um horizonte perdido nas <strong>no</strong>ites <strong>de</strong> luar, ficava brigando comigo mesmo se ia dormir ou<br />

ficar apreciando aquela dádiva da natureza. Nas <strong>no</strong>ites escuras, era como chamava o povo <strong>de</strong> lá, a<br />

arlentia.<br />

Cananéia tem muito fósforo na água. Eu ficava horas e horas apreciando os cardumes <strong>de</strong> sardinhas<br />

e os peixes maiores atacando os cardumes. Por causa da arlentia, fazia um risco <strong>de</strong> fogo na água. Na<br />

areia das praias também aparecia o risco <strong>de</strong> fogo quando a gente arrastava os pés.<br />

Fiz logo amiza<strong>de</strong> com aquele povo, por sinal muito bons. As casas <strong>de</strong> Cananéia não têm tranca nas<br />

portas e nem fechadura, lá não tem ladrão. A iluminação era com um grupo <strong>de</strong> geradores e às 10 horas da<br />

<strong>no</strong>ite apagava tudo, todos tinham a sua lanterna <strong>de</strong> pilhas, parecendo um bando <strong>de</strong> vaga-lumes.<br />

Por or<strong>de</strong>ns do Dr. Delegado, era proibido concentrar o foco da lanterna <strong>no</strong> traseiro das madames.<br />

Fiz amiza<strong>de</strong> com os músicos da banda, aí melhorou mais. Fazíamos serenatas todas as <strong>no</strong>ites, sempre<br />

tomavam parte na serenata o Dr. Juiz, o promotor e também o <strong>de</strong>legado.<br />

Era muito comum voar <strong>de</strong> <strong>no</strong>ite em Cananéia. Várias vezes eu <strong>de</strong>colei a <strong>no</strong>ite para ir ao baile em<br />

Pariquera-Açú e <strong>de</strong> madrugada retornava a Cananéia. Éramos em cinco aviões que trabalhavam com<br />

peixe. Todas as <strong>no</strong>ites <strong>no</strong>s reuníamos <strong>no</strong>s butecos para bater papo. Uma <strong>no</strong>ite um dos pilotos que eu vou<br />

omitir o <strong>no</strong>me, já estava com a cara cheia e disse: “vou voar agora”. “Cada um é do<strong>no</strong> do seu nariz e<br />

<strong>de</strong>ve saber muito bem o que faz”, eu disse para ele.<br />

Ele não disse nada e foi para a pista que ficava bem pertinho. Fui para o meu quarto, que também<br />

ficava perto da pista, o avião <strong>de</strong>le era um STINSON Voyager.<br />

Escutei quando ele <strong>de</strong>u partida <strong>no</strong> motor e em marcha taxiou e checou. A <strong>no</strong>ite era escura, eu sabia<br />

que ele não era <strong>de</strong> altas coisas, mas eu estava meio apreensivo. O motor roncou firme, pensei:”lá vai ele”.<br />

Quando o motor roncava <strong>no</strong> máximo apagou violentamente, como um aeromo<strong>de</strong>lo quando bate <strong>de</strong> bico<br />

<strong>no</strong> chão com o motor a ple<strong>no</strong>. Saí correndo para a pista, o STINSON tinha entrado <strong>no</strong> mato e havia um<br />

barranco <strong>de</strong> mais ou me<strong>no</strong>s um metro <strong>de</strong> altura. O STINSON bateu <strong>no</strong> barranco, o nariz foi por cima, mas<br />

o trem ficou <strong>no</strong> barranco.

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