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40 Anos de Acrobacia no Ar - Aeroclube de Bebedouro

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GANHANDO EXPERIÊNCIA<br />

Ainda estava dando instrução primária <strong>no</strong> Aero Clube e aparece uma viagem para a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jahú,<br />

para levar uma comitiva da Guarda Civil para uma festa <strong>de</strong> aniversário da cida<strong>de</strong>.<br />

O avião BEECH Bipla<strong>no</strong>, eu não era solo <strong>no</strong> mesmo mas não havia tempo para nada, ninguém quis<br />

topar a viagem , e a coisa sobrou para mim, procurei alguém para que me <strong>de</strong>sse os macetes, pois nunca<br />

tinha voado com passo variável e nem trem retrátil.<strong>de</strong> posse dos macetes, lá fui eu taxiando, comitiva<br />

abordo, <strong>no</strong> taxi eu comecei a me arrepen<strong>de</strong>r, avião alto, parecia que estava <strong>no</strong> segundo andar, mas a<br />

moral, se <strong>de</strong>sistisse, nada disso, vou embora com a coisa.<br />

Cabeceira da pista, checo e tudo está OK, alinho o avião, empurro a manete e lá vou eu, caprichando<br />

na reta, velocida<strong>de</strong>, arranco do chão, espero um pouco, trem em cima, a velocida<strong>de</strong> aumenta passo<br />

máximo, pois naquele tempo não havia passo <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> constante, era só o mínimo e o máximo.<br />

A <strong>de</strong>colagem tinha partida da pista 11, precisava fazer 180°, rumo Jahú, fazendo 180° e preparativos<br />

para a navegação, rumo 300° e não sei o que, relógio, tempo, ajeito o mapa, olho a hora, já estou em<br />

Jundiaí, levo um susto, puxa, como anda essa coisa.<br />

O dia estava maravilhoso, completamente azul, Campinas, Piracicaba, Rio Claro a direita, tudo<br />

corria perfeitamente bem.<br />

Murmúrio <strong>de</strong>ntro do avião, procuro prestar atenção para saber o que houve e é elogio ao piloto,<br />

porque o avião não mexe nada, então penso com meus botões, coitadinhos se soubessem que eu não tenho<br />

certeza <strong>de</strong> aterrar com esse bicho, pois nunca tinha aterrado com o BEECH, nessas alturas Jahú a frente,<br />

sinto um leve calafrio, e agora o que acontecerá, olho a pista <strong>de</strong> terra da qual parece-me curta, bastante<br />

gente esperando a comitiva, então penso eu, os anjinhos estão todos aqui, tráfego, reta final, comprida,<br />

tremem baixo, passo mínimo, a pista aproxima-se, procuro caprichar o máximo, arredondo certo, toque <strong>no</strong><br />

chão, três pontos, avião para, faço 180°. Parte da turma <strong>no</strong>vo elogio ao piloto.<br />

No chão os clássicos cumprimentos, almoço, outras coisas e tal, campo <strong>no</strong>vamente, é preciso fazer<br />

um vôo com os do<strong>no</strong>s da festa, sobe <strong>no</strong> avião uma família, parece-me que é a família do prefeito, mulher<br />

cunhada, empregada, três crianças, gato, cachorro, papagaio e lá vou eu, <strong>de</strong>colo, trem em cima, passo<br />

máximo, volta a cida<strong>de</strong>, o campo estava cheio <strong>de</strong> gente, é preciso dar um rasante, alinho para o campo,<br />

baixo o nariz, o manche fica duro, empurro o estabilizador para a frente, a velocida<strong>de</strong> aumenta350 km/h,<br />

<strong>40</strong>0 km/h, sei lá, estou rente ao chão o nariz está pesado, aju<strong>de</strong>i com o estabilizador, subida meia<br />

violenta, quando cheguei a uma altura que para mim <strong>no</strong>s aviões que eu voava <strong>de</strong>veria estar em perda,<br />

empurrei todo o manche para frente, a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria ser ainda muito gran<strong>de</strong>, todo mundo <strong>de</strong>ntro do<br />

avião estava <strong>de</strong>samarrado, inclusive eu, em vista <strong>de</strong> que todos foram parar <strong>no</strong> teto, o motor espirrou,<br />

houve um só grito, que surgiu dos passageiros, <strong>de</strong>ntro do avião todos trocaram <strong>de</strong> lugar , as crianças<br />

ficaram por baixo e os gran<strong>de</strong>s por cima, foi um bo<strong>de</strong> terrível.<br />

Aterrei o avião e não fiquei sabendo do comentário dos passageiros, mas acho que não <strong>de</strong>ve ter sido<br />

muito agradável, porque ninguém mais quis voar. Regresso a São Paulo e chego sem <strong>no</strong>vida<strong>de</strong>.<br />

Assim foi meu solo <strong>no</strong> BEECH.<br />

Na véspera <strong>de</strong> Natal, não sei o certo se foi 1941 ou 1942, aparece <strong>no</strong> Aero Clube um senhor que se<br />

dizia prefeito <strong>de</strong> Ribeirão Preto, o mesmo queria ir para casa, era véspera <strong>de</strong> Natal e a turma toda do Aero<br />

Clube iria embora ao meio-dia, mas o senhor insistiu tanto que precisava ir para Ribeirão Preto naquele<br />

dia, queria também passar o Natal na casa <strong>de</strong>le, prometeu pagar todas as <strong>de</strong>spesas e ainda dar uma boa<br />

gratificação ao piloto que o levasse, eu estava numa lona danada, voar com o BEECH, também dava uma<br />

porcentagem ao piloto.

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