VIAGEM DE IGUAPE Saí <strong>de</strong> Iguape na parte da tar<strong>de</strong> para São Paulo, Butantã, comum passageiro importante do Palácio do Gover<strong>no</strong>, ele só iria até ao Palácio levar algum recado e regressaria em seguida para Iguape. Eu disse a ele que <strong>no</strong> máximo, para a <strong>de</strong>colagem, seria às 17 horas e às 17 horas o cara nada, 17,30 horas nada, resolvi guardar o Bonanza <strong>no</strong> hangar. Pego a turma do Campo e digo vamos comer uma pizza, estava também junto o meu irmão, escureceu, já estávamos numa camionete do Renatão quando chega o dito cujo. Eu lhe disse agora não, mas ele apelou por tudo, convenceu-me, tiramos o Bonanza do hangar, completei os tanques <strong>de</strong> gasolina, meu irmão foi com a camionete lá <strong>no</strong> fim da pista, ficou <strong>de</strong> ré só para marcar a reta <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem, o tempo não era bom e a <strong>no</strong>ite escura, não tinha lua nem estrelas, vou para a cabeceira da pista, vejo a luz traseira da camionete lá na outra cabeceira, checo tudo, inclusive os faróis, tudo em or<strong>de</strong>m, <strong>de</strong>colo, rumo 210°, 100 metros <strong>de</strong> altura em relação ao campo, não veio mais nada só sei que estou <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nuvens pelo reflexo das luzes <strong>de</strong> navegação, quando as luzes não refletem é porque sai das nuvens, tenho que voar 10 minutos <strong>no</strong> rumo 210° que me levaria até atrás da represa <strong>de</strong> Santo Amaro e passando à direita <strong>de</strong> Congonhas e <strong>de</strong>pois dos 10 minutos rumo 180° para ficar a 90° com o mar <strong>no</strong> rumo 180/, eu <strong>de</strong>veria voar mais 11 minutos e esperar o gônio acusar Santos <strong>no</strong> través, eu tinha feito a travessia da Serra a 1300 metros para não interce<strong>de</strong>r com tráfego <strong>de</strong> Congonhas. Santos <strong>no</strong> través indica o gônio a 20 minutos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a <strong>de</strong>colagem, começo a <strong>de</strong>scer , está tudo fechado uma garoa fina, fui <strong>de</strong>scendo 300 metros, não vejo nada, as luzes <strong>de</strong> navegação refletem as nas nuvens, <strong>de</strong>sço até 100 metros não vejo nada, tudo escuro como quadro negro, não arrisco a <strong>de</strong>scer mais, subo outra vez com a proa 180°, 1500 metros rumo 250° que é mais ou me<strong>no</strong>s paralelo à praia, 20 minutos, rumo 360°, calculei que <strong>de</strong>veria estar bem <strong>de</strong>ntro do mar, reduzo o motor e começo a per<strong>de</strong>r altura, 1200, 1000, 600 metros, a luz não reflete mais, mas é sinal que não tem mais nuvens, começo a prestar atenção para a frente, vejo uma faixa mais clara que o negro da <strong>no</strong>ite, pensei é po<strong>de</strong> ser a praia, vou me aproximando e confirmo, é a praia logo na frente, umas luzes, só po<strong>de</strong>m ser Iguape , e era mesmo, passei sobre a cida<strong>de</strong>, agora restava um problema. A pista tinha uma vala bem <strong>no</strong> meio que estavam drenando, eu tinha que aterrar antes, ou <strong>de</strong>pois da vala, uma escuridão que não se via nada, faço a tomada em relação às luzes da cida<strong>de</strong>, trem embaixo, quando eu acho que a pista <strong>de</strong>veria estar na frente acendo os faróis, e com os faróis acessos não vejo mais as luzes da cida<strong>de</strong>, o foco dos faróis estão em cima do mato, largam o mato é água, aí a pista ficou para trás, arremeto, <strong>no</strong>vo circuito e tudo se repete <strong>no</strong>vamente. Eu tinha que achar a pista e pular a vala para aterrar, cada tentativa que fazia começava em lugar diferente, mas nada da pista aparecer, eu disse para o passageiro, vou fazer a última tentativa, e se não achar a pista volto para São Paulo, ele me respon<strong>de</strong>u, com a voz meio quadrada, faça o que você quiser, voltar para São Paulo era muito fácil, era só subir 1500 metros <strong>de</strong> altura, <strong>40</strong> minutos, bloquear Congonhas e <strong>de</strong>scer na pista iluminada, ia ser preso na certa mas não quebrava a cara nem o avião. Última tentativa, vou mais longe, acendo os faróis, os mesmos iluminam o mato, começo a fazer uma espécie <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação e os faróis vem passando sobre o mato, <strong>de</strong> repente a pista aparece a uns 30° à direita, viro os faróis e os mesmos iluminam a pista e o vértice com a vala, empurro o Bonanza <strong>no</strong> chão, agora já com os faróis iluminando o resto da pista, essa coisa só para avião triciclo, quando estava voando vi ali perto da pista um caminhão que <strong>de</strong>veria estar carregando algo, pensei, esse cara bem que po<strong>de</strong>ria ir até a pista e com os faróis do caminhão <strong>de</strong>marcaria, mas não foi e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> aterrado fui falar com o cara do caminhão, ele me respon<strong>de</strong>u que pensou que eu estava brincando, por esse motivo que não foi.
CANANÉIA Cananéia me solicita. Uma senhora precisava ser transportada urgente para Santos, o tempo estava ruim, cheguei em Cananéia com dificulda<strong>de</strong>, aterro com bastante água na pista. A pista é <strong>de</strong> areia fina e com chuva vira uma papa. Enquanto provi<strong>de</strong>nciavam o transporte da senhora para o Bonanza, o tempo piora, flocos <strong>de</strong> nuvens estão colados <strong>no</strong>s arbustos do mangue, a pista estava encharcada cada vez mais, dou a enten<strong>de</strong>r que não quero <strong>de</strong>colar, a família implora para que eu <strong>de</strong>colasse, senão a senhor aia morrer, estava entre a cruz e a espada, o problema era a <strong>de</strong>colagem, com o tempo eu ia me arranjar. Escolho um acompanhante o mais leve possível e a senhora doente, tomo bem a cabeceira da pista, ataco o motor. Era um dilúvio <strong>de</strong> água que espirrava por todos os lados. O Bonanza sai <strong>no</strong>s três pontos, com a cigarra gritando, alivio o nariz, guardo o trem, o teto é <strong>de</strong> 5 a 10 metros <strong>de</strong> altura, viro logo em direção à praia, alcanço a praia e é preciso voar em cima da arrebentação das ondas, que é o lugar mais visível. Olho o relógio, são 10 horas, é hora dos aviões que fazem Santos – Paranaguá e vice-versa com amostras <strong>de</strong> café, todos vêm, nesses casos, sobre a arrebentação. Vou dar o fora daqui já, fiz a curva para a esquerda, quando ergui a asa, passou um por baixo e outro por cima, mais um, mais outro, sei lá quantos eram, não consegui conhecer os aviões que tinham passado, uma porção <strong>de</strong>les, numa velocida<strong>de</strong> tremenda, acho que eles não me viram, não sabia se voltava ou prosseguia viagem, era a mesma coisa, fui em frente e com muito sacrifício cheguei a Santos. Pouso e então perguntam-me se havia encontrado a esquadrilha <strong>de</strong> P-47, engoli em seco, as pernas amoleceram, eu disse, não vi não, quantos eram perguntei, eram 14 P-47 que iam para Porto Alegre. Depois disso fiquei sabendo que um <strong>de</strong>les não chegou, bateu entre Paranaguá e São Francisco. Eu havia passado <strong>no</strong> meio <strong>de</strong> 14 P-47 penerado. A senhora foi para o hospital e sarou.
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