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40 Anos de Acrobacia no Ar - Aeroclube de Bebedouro

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À tardinha mais umas acrobacias para todos, agora tudo bem com o sargento do controle <strong>de</strong> vôo,<br />

per<strong>no</strong>ite.<br />

Dia seguinte <strong>de</strong> manhã <strong>de</strong>colo rum o Luziânia, tudo vai bem, <strong>Ar</strong>aguari com campo bom, não<br />

interessa pousar, para frente, o tempo é bom, manhã fresquinha. O vento é meio forte e gelado. Estou<br />

voando <strong>no</strong> nível 70, uma hora e meia <strong>de</strong> vôo, Catalão ali na frente. Uma vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar uma viradas<br />

sobre Catalão, aí tem uns amigos do Chefe e eu nunca fiz acrobacias aqui, resisto à tentação e passo<br />

bonzinho, dalí para frente a rodovia vai se afastando para a direita, é quilômetro que Deus me livre, para<br />

ir na reta sem apoio nenhum, em cima <strong>de</strong>ssa quiçaça. Se o motor parar e eu sair inteiro vou ter que andar<br />

à pé um monte <strong>de</strong> quilômetros até chegar na estrada. Com esse pensamento o bom senso entra em ação e<br />

o pé direito já está comprimindo o pedal virando o nariz para o lado da estrada, não preciso chegar em<br />

cima da estrada, estou alto e me mantenho numa distância que em caso <strong>de</strong> pane alcanço a estrada em<br />

planeio. Um lugarejo lá na margem da estrada tem campo <strong>de</strong> aviação, não consigo saber que lugar é, <strong>no</strong><br />

meu mapa não consta esse lugar e eu não me lembro <strong>de</strong> ter visto antes. Para frente, tudo corre bem, o<br />

motor está tranqüilo, a visibilida<strong>de</strong> é boa, aparece Cristalina lá longe, em cima dos morros, viro um pouco<br />

para a esquerda procurando fazer uma reta para Luziânia, mais alguns minutos, lá l0onge <strong>no</strong> horizonte, já<br />

estou com três horas <strong>de</strong> vôo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Uberlândia, já não vejo mais gasolina <strong>no</strong> marcador, não tem<br />

importância, <strong>de</strong>pois que ela <strong>de</strong>saparece ainda tem uma hora <strong>de</strong> vôo, abaixo o nariz para aumentar a<br />

velocida<strong>de</strong> e ir per<strong>de</strong>ndo altura <strong>de</strong>vagar, Luziânia vem se aproximando, já vejo o campo lá na esquerda,<br />

procuro não gastar toda a altura que estou para dar umas cambalhotas na chegada. A medida que o<br />

campo vê, se aproximando me parece que sou dominado por um mau-espírito, esqueço toda a canseira da<br />

viagem e lá vai pau e pauleira grossa. Desviro baixo parar aterrar, estou em Luziânia, feliz da vida. Um<br />

dia adiantado da festa, os diretores todos <strong>no</strong> campo, gente boa essa turma do <strong>Aeroclube</strong> <strong>de</strong> Brasília,<br />

batemos papo furado à tar<strong>de</strong> toda, escurece, tenho um apartamento reservado <strong>no</strong> Hotel <strong>de</strong> Brasília, pelo<br />

aeroclube, mas optei pelo alojamento dos alu<strong>no</strong>s, ali <strong>no</strong> campo mesmo, dormi uma <strong>no</strong>ite tranqüila com<br />

aquele silêncio <strong>de</strong> Luziânia.<br />

Dia seguinte a festa ia começar logo cedo com o hasteamento da ban<strong>de</strong>ira, com a presença da altas<br />

autorida<strong>de</strong>s, o programa <strong>de</strong> vôo era, vôos <strong>de</strong> planadores, eu com o BUCKER e um Xavante da FAB, <strong>de</strong>pois<br />

eu outra vez aprontando vexame com um PA-18 e fim <strong>de</strong> festa. Televisão presente filmando tudo, doze<br />

horas, tudo terminado, um lanche rápido <strong>no</strong> restaurante do aeroporto, BUCKER reabastecido, <strong>de</strong>colo <strong>de</strong><br />

regresso. Luziânia – Catalão direto, aquela quiçaça embaixo que não dá para pousar, a terra <strong>de</strong>ve ser ruim<br />

pois não tem plantação nenhuma, é plana, mas se pousar em pane vai se dar mal. Está calor, estou<br />

ganhando altura, nível 70, o motor solta cheiro <strong>de</strong> óleo queimado, uma fumaça <strong>de</strong>ntro da cabine, viro<br />

90°à esquerda em busca da rodovia, a mesma está longe, <strong>40</strong> ou 50 quilômetros, conta-giros cai 200<br />

rotações , vem para 1.800 giros, empurro a manete para recuperar o giro, a coisa piora, o motor começa a<br />

falhar, só funcionam 3 cilindros, o giro cai para 1.500, a fumaça aumenta, a estrada ainda está longe,<br />

seguro o nariz para cima para não per<strong>de</strong>r altura, a velocida<strong>de</strong> cai para 100 km, a fumaça aumenta mais,<br />

abaixo um pouco o nariz para não queimar o resto do motor e tentar chegar na estrada, uma briga<br />

violenta, manete <strong>no</strong> esbarro, não tem mais o que fazer, uma fumaceira danada, conservo o rosto fora do<br />

pára-brisa para não respirar fumaça, já estou perto da rodovia a 1.000 pés <strong>de</strong> altura, mas o terre<strong>no</strong> tem<br />

3.500 pés <strong>de</strong> altura, me resta muito pouco. Sobre a estrada uma reta com 3 faixas, mas está cheia <strong>de</strong><br />

caminhão, tento fazer 360° para esperar limpar a estrada, mas já estou muito baixo e não dá, prossigo na<br />

reta para frente, per<strong>de</strong>ndo altura que já é bem pouca, o motor começa a bater e dar tranco, agora não tem<br />

mais jeito é preciso jogá-lo <strong>no</strong> chão e já. É uma curva na estrada, <strong>de</strong> frente não vem ninguém, estou sobre<br />

um automóvel, passo sobre ele e coloco as rodas do BUCKER <strong>no</strong> asfalto, duas placas na estrada uma na<br />

frente da outra, tenho a impressão que o BUCKER não cabe <strong>no</strong> meio, apelo para o resto do motor, o mesmo<br />

dá uma arrancadinha, salto as placas e <strong>de</strong> <strong>no</strong>vo <strong>no</strong> asfalto, freio violento, mantenho a cauda erguida até<br />

parar, na frente era uma lombada da estrada, eu não via mais nada, o BUCKER para, solto os cintos o mais<br />

rápido possível para tirar o avião da pista, encostando-o <strong>no</strong> acostamento, mesmo assim meta<strong>de</strong> da estrada<br />

fica tomada pelo BUCKER, em me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 10 minutos tinha um montão <strong>de</strong> carros parados, todos queriam<br />

saber quantos tinham morrido, é preciso avisar o <strong>Aeroclube</strong> <strong>de</strong> Brasília e um senhor com uma Kombi se<br />

prontifica a passar <strong>no</strong> aeroclube e avisar, chega a Polícia Rodoviária, rebocamos o avião pela estrada até<br />

um lugar on<strong>de</strong> ficasse fora da pista, um bom lugar <strong>no</strong> meio do mato, o BUCKER ficou escondido e<br />

protegido do vento, já estavam sobrevoando o local, todos os aviões do aeroclube, chega também <strong>de</strong><br />

automóvel gente do aeroclube, já com a polícia para tomar conta do avião, estaqueio o avião, faço todas<br />

as recomendações ao policial que ia per<strong>no</strong>itar do perigo <strong>de</strong> incêndio para ele não fazer fogo nem fumar<br />

perto, retor<strong>no</strong> a Luziânia <strong>de</strong> carro e avisar o <strong>Aeroclube</strong> <strong>de</strong> São Paulo do ocorrido e que eles man<strong>de</strong>m outro<br />

motor.

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