40 Anos de Acrobacia no Ar - Aeroclube de Bebedouro
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VOANDO SOBRE AS NUVENS<br />
Morava em Iguape e fazia linha regular para São Paulo, mas o forte mesmo <strong>de</strong> passageiro era em<br />
Registro que não tinha pista. Fui falar com o prefeito <strong>de</strong> Registro para fazer um Campo.<br />
O prefeito não tomou conhecimento, ele não queria envolver-se com essas coisa perigosas, que era o<br />
avião. Então apelei para o engenheiro do DER, Dr. Durvali<strong>no</strong> Vieira, que era manicaca do <strong>Aeroclube</strong> <strong>de</strong><br />
Itapetininga, fez a pista em registro, mu<strong>de</strong>i com toda a tripulação para Registro, naquele tempo gastava-se<br />
<strong>de</strong> 8 a 10 horas <strong>de</strong> carro <strong>de</strong> Registro para São Paulo, com o Bonanza apenas <strong>40</strong> minutos. Mas o mau<br />
tempo era contínuo, se em Registro estava aberto a Serra estava fechada, mas não tinha importância, o<br />
Bonanza estava bem equipado e com dois rádios e a VARIG tinha instalado rádios-faróis em Iguape.<br />
Houve época que eu fazia até cinco viagens por dia para São Paulo, a região toda não tinha médicos<br />
e muito me<strong>no</strong>s hospital, era viagem com gente aci<strong>de</strong>ntada, doente, todos os dias.<br />
O primeiro dia do a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1952, tínhamos feito uma farra brava eu e meu irmão e alguns amigos, eu<br />
tinha bebido até per<strong>de</strong>r a consciência, levaram-me para casa, meus transportadores <strong>de</strong>viam estar como eu,<br />
porque largaram-me na escada da entrada <strong>de</strong> minha casa e <strong>de</strong>ram o fora, minha mulher não escutou ou fez<br />
que não escutou, dormi ali mesmo e <strong>de</strong> madrugada acor<strong>de</strong>i com um monte <strong>de</strong> japoneses em volta <strong>de</strong> mim,<br />
um trator tinha virado em cima <strong>de</strong> um <strong>de</strong>les e precisava ir urgente para São Paulo, estava chovendo eu<br />
estava todo molhado. No lugar em que eu tinha dormido chovia e tinha um gosto <strong>de</strong> corre-mão <strong>de</strong> pensão<br />
na boca, entro para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa cambaleando, estava ainda bêbado, troquei a roupa, tomei café e fomos<br />
para o campo. Com a ajuda dos japoneses, tiramos o Bonanza para fora do hangar, colocamos o<br />
aci<strong>de</strong>ntado <strong>no</strong> banco traseiro e mais um na frente, tudo que era preciso fazer, eu pensava duas ou três<br />
vezes, coloquei o motor em movimento, esperei aquecer, fazia uma confusão danada com os<br />
instrumentos, a chuva continuava, o campo estava alagado, o motor aqueceu, chequei tudo fora da<br />
seqüência, ajeitei-me na reta da pista, ataquei o motor era água que espirrava por todos os lados, <strong>de</strong>colei,<br />
trem em cima, acerto o passo da hélice, motor regime.<br />
Chovia mas o teto era alto, eu sabia que não <strong>de</strong>via entrar instrumento porque não ia dar cota, estava<br />
muito grogue e com so<strong>no</strong>, <strong>de</strong>rivei para a direita para ir pela praia, não entraria instrumento em hipótese<br />
alguma. Caso não chegasse a São Paulo iria para Santos. No vale entre a serra <strong>de</strong> Juréa e Itatins tem uns<br />
20 quilômetros <strong>de</strong> largura, eu precisei caprichar na pontaria para acertar o meio, saindo em Peruíbe a<br />
Serra estava toda aberta, rumo 30°, São Paulo a frente, falei com a torre e a mesma pedia confirmação se<br />
eu era piloto. Deve ter estranhado a minha voz, ainda estava bêbado. Aterrei, provi<strong>de</strong>nciei um táxi para<br />
os caras, entrei <strong>no</strong> Bonanza fechei a porta, <strong>de</strong>itei <strong>no</strong> banco traseiro e dormi gostoso até o meio-dia,<br />
acor<strong>de</strong>i, fui <strong>no</strong> bar e tomei três ou quatro água tônica, <strong>de</strong>colei, fui embora para casa curtir o resto da<br />
ressaca.