Sei que a <strong>de</strong>mora da <strong>de</strong>volução do motor ao <strong>Aeroclube</strong> <strong>de</strong> Rio Claro já era gran<strong>de</strong>, mas sabia que eles não precisavam do motor e era para jogar na sucata, mas o motor foi <strong>de</strong>volvido está jogadinho aí na sucata <strong>de</strong> estimação e esperando que os senhores diretores façam uma saborosa sopa com eles, mas aquelas correspondências gentis que os senhores diretores do <strong>Aeroclube</strong> <strong>de</strong> Rio Claro mantiveram com o <strong>Aeroclube</strong> <strong>de</strong> São Paulo sobre a <strong>de</strong>volução do motor falando cobras e lagartos, batendo na cangaia para o burro escutar, mas essas correspondências estão todas comigo, um dia farei o <strong>de</strong>vido uso das mesmas e não vai faltar ocasião.
CONHECENDO O BRASIL Decolei <strong>de</strong> Rio Claro, <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> Boa Vista – Roraima. Esta viagem seria para o BUCKER uma prova em e tratando <strong>de</strong> distância. O número <strong>de</strong> shows durante a viagem não ia nem ter conta, o tempo previsto para toda essa turnê era <strong>de</strong> mais ou me<strong>no</strong>s 100 horas <strong>de</strong> vôo. Na <strong>de</strong>colagem <strong>de</strong> Rio Claro, logo além do tráfego a 6 quilômetros, estou sobrevoando a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santa Gertru<strong>de</strong>s, converso intimamente com o BUCKER: “quantas cida<strong>de</strong>s irão passar por baixo, <strong>de</strong>zenas, centenas ou talvez mais <strong>de</strong> mil. Vamos <strong>de</strong> cambalhotas em cima <strong>de</strong> quase todas”. Esta talvez seja a mais longa viagem feita em um BUCKER <strong>no</strong> mundo inteiro: “Coragem BUCKER, na sua parte, que na minha vou <strong>de</strong>sempenhar do melhor modo possível”. Vamos indo rumo 130° Rio <strong>de</strong> Janeiro. O tempo vai passando, Limeira na direita, Campinas lá longe na direita também, Mogi – Mirim na esquerda, Itatiba, Bragança. Atibaia passo <strong>no</strong> meio, Serra <strong>de</strong> Igaratá, sempre com problemas <strong>de</strong> mau tempo. Desço para o rasante sobre a estrada, preciso transpor esse pedacinho <strong>de</strong> Serra, o Vale do Paraíba <strong>de</strong>ve estar com bom tempo. Subo a Serra, fazendo as curvas da estrada, pulando os caminhões. No último posto <strong>de</strong> gasolina da estrada, as placas <strong>de</strong> propaganda estavam enfiadas em um nevoeiro, era o ponto mais alto. Daí para frente, a Serra <strong>de</strong>sce rápido. Estou sobrevoando a represa <strong>de</strong> Igaratá, a visibilida<strong>de</strong> melhorou bastante, já distingo o vale lá na frente. Acerto o rumo 90° para seguir <strong>de</strong>ntro do Vale do Paraíba e passar fora do tráfego <strong>de</strong> São José. Uma hora e meia <strong>de</strong> vôo, a visibilida<strong>de</strong> é boa, prossigo pelo vale, Caçapava, Taubaté, Guará, Lorena. Acerto o rumo para passar bem em cima da casa do meu amigo Chaim. Umas rajadas <strong>de</strong> motor para cumprimentá-lo. Rumo agora um pouco mais para a direita, 100°, duas horas e tanto lá se vão <strong>de</strong> vôo. A visibilida<strong>de</strong> é boa só <strong>no</strong> vale, a Serra dos dois lados está fechada, não dá para ir direto ao Rio <strong>de</strong> Janeiro. Vou aterrar em Volta Redonda para reabastecer. Cachoeira, Cruzeiro, o terre<strong>no</strong> sobe, as nuvens estão baixas, preciso per<strong>de</strong>r um pouco <strong>de</strong> altura para me livrar <strong>de</strong>las. Morros, linhas e torres <strong>de</strong> alta tensão para todos os lados e pela frente. Esse pedaço até Resen<strong>de</strong> sei que vai ser ruim. Estou <strong>de</strong> <strong>no</strong>vo rasante sobre a estrada Dutra, um aci<strong>de</strong>nte na estrada o trânsito está todo parado, me interesso para ver o que há, mas não consigo, a visibilida<strong>de</strong> é muito ruim e eu estou muito baixo, o povo todo ali parado olha para cima, tudo fica para trás, um valezinho <strong>no</strong> meio dos morros para a direita, largo a estrada e <strong>de</strong>sço pelo dito vale, a visibilida<strong>de</strong> melhora, preciso me orientar agora pela bússola que parece louca, está girando sem parar. O terre<strong>no</strong> abaixa, acompanho a ondulação do mesmo, a Dutra aparece outra vez, lá longe à minha esquerda, volto para cima da estrada. A bússola não apara <strong>de</strong> girar, tenho que me apoiar na estrada. A visibilida<strong>de</strong> melhora e a Represa do Funil aparece na frente. Resen<strong>de</strong> está perto, consulto o relógio, três horas <strong>de</strong> vôo. Avisto Resen<strong>de</strong>. O tempo está melhor, mas a Serra do Mar está fechada. Tenho que aterrar em Volta Redonda, não vou tentar <strong>no</strong> cisca e nem <strong>no</strong> topo para o Rio <strong>de</strong> Janeiro, com uma hora só <strong>de</strong> auto<strong>no</strong>mia <strong>no</strong> tanque. Três horas e vinte minutos <strong>de</strong> vôo, avisto aquela característica poluição colorida <strong>de</strong> Volta Redonda, entro alto sobre o campo, é preciso dar umas cambalhotas e fazer a aproximação em vôo invertido, pois este é o meu “Cartão <strong>de</strong> Visita”. Penso comigo mesmo: “Quantas vezes irei fazer esse tipo <strong>de</strong> chegada durante essa viagem ?” Aterro sem <strong>no</strong>vida<strong>de</strong>s, reabasteço o BUCKER, não tenho pressa, um bate papo com os manicacas: perguntam qual o meu <strong>de</strong>sti<strong>no</strong>, respondo Belém, ninguém acreditou, sempre tive fama <strong>de</strong> louco, acho eu, que dizendo que ia para Belém eles pensam “enlouqueceu <strong>de</strong> tudo”, mas <strong>de</strong> louco eu não tenho nada e assim <strong>de</strong>colo rumo ao Rio <strong>de</strong> Janeiro, mais umas cambalhotas e lá vou eu.
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