40 Anos de Acrobacia no Ar - Aeroclube de Bebedouro
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CHEGANDO EM SÃO PAULO<br />
Chegando em São Paulo, uma das vezes, dois caras que estavam com um Bonanza, queriam saber<br />
do tempo para o lado do sul, precisavam ir a Florianópolis, eu disse-lhes que o tempo estava ruim, que<br />
para transpor a Serra precisavam voar por instrumento, perguntaram-me se eu ia voltar para o sul, eu lhes<br />
disse que sim, iria só abastecer e <strong>de</strong>colaria para Paranaguá. Disseram-me, nós vamos juntos, eu quis<br />
explicar a eles os macetes, como eu ia proce<strong>de</strong>r, eles disseram, não queremos macetes nenhum, aon<strong>de</strong><br />
você for vamos atrás, eu tentei explicar a eles que nós íamos voar instrumento, como eles iriam juntos,<br />
disseram-me que tinham voado muito na guerra e voavam na ala do lí<strong>de</strong>r instrumento e que era capitão da<br />
FAB e tinham dado baixa.<br />
Pensei comigo mesmo, hoje encontrei um bem mais louco do que eu, eram dois, o co-piloto <strong>de</strong>le<br />
não estava bem <strong>de</strong> acordo com as idéias, fomos para a cabeceira da pista o radio <strong>de</strong>les não funcionava,<br />
naquele tempo se fazia o pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> vôo pelo rádio, fiz o meu e o <strong>de</strong>les, <strong>de</strong>colamos quase em grupo, como<br />
eu tinha eles junto ia atravessar a Serra o mais rápido possível, rumo 210° até atrás da represa <strong>de</strong> Santo<br />
Amaro , <strong>de</strong>pois rumo 180°, é Santos <strong>no</strong> rádio <strong>de</strong> través, com 11 minutos <strong>de</strong> vôo <strong>no</strong> rumo 180°, é Santos<br />
<strong>no</strong> gônio <strong>no</strong> través, estava em cima da praia entre Itanhaém e Peruíbe com certeza absoluta, mas durante o<br />
vôo entre a cida<strong>de</strong> e a represa os dois vinham discutindo <strong>de</strong>ntro do Bonanza. Eu percebia pelos gestos e<br />
eles voavam colados comigo, quando começou o mau tempo eu vi a barriga do Bonanza <strong>de</strong>les, fez 180°,<br />
fiz também e fui atrás <strong>de</strong>les, encostei neles e fiz eles enten<strong>de</strong>rem que iria fazer outro caminho, o outro<br />
caminho era ir por cima da Serra do Cisca até Juquetiba e ali começa o rio Juquiá. Entrar <strong>no</strong> vale do rio e<br />
ir <strong>de</strong>scendo, mais o vale do rio Juquiá é uma grota <strong>de</strong>ntro da serra, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> poucos minutos a gente fica<br />
com um barranco <strong>de</strong> 500 metros <strong>de</strong> altura dos dois lados o rio é estreito e sinuoso não se po<strong>de</strong> nem pensar<br />
em pane, vou <strong>de</strong>scendo eles na minha ala um pouco atrás, não cabe dois aviões juntos <strong>no</strong> vale, o teto<br />
<strong>de</strong>sce mais que o rio, numa curva forte do rio me perco, não vejo mais a água, virar não dá, estamos <strong>no</strong><br />
fundo da grota , não posso per<strong>de</strong>r um segundo, ataco o motor, reduzi o passo da hélice e puxo o nariz ao<br />
máximo para cima procurando manterá reta do rio pelos instrumentos, dou uma olhada rápida dos lados<br />
para ver se eles estavam junto, não vejo, sai <strong>no</strong> topo a 1500 metros, estou sozinho, faço 360°, nada, não vi<br />
ninguém, sintonizo o rádio farol <strong>de</strong> Iguape, giro até o gônio marcar zero, a bússola indica 200°, sigo o<br />
rumo, 12 minutos, o gônio bloqueia, Iguape rumo 180°, <strong>de</strong>sço até tomar contato com a água, giro rumo<br />
<strong>no</strong>rte. Iguape na frente, aterro, perguntei se tinham visto outro avião, negativo, esperei uma porção <strong>de</strong><br />
tempo nada, <strong>de</strong>colei, fui fazer a minha viagem, a tar<strong>de</strong> estava outra vez em São Paulo, eles não estavam,<br />
não tinham voltado, nunca mais eu soube <strong>de</strong>les.