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40 Anos de Acrobacia no Ar - Aeroclube de Bebedouro

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1951 – BONANZA<br />

Verão, tempo dos CBs, à tar<strong>de</strong>, <strong>de</strong> São Paulo a Registro, com 2 passageiros a bordo, um <strong>de</strong>les era o<br />

prefeito <strong>de</strong> Registro. Alto da Serra, nível 5, chuvas locais para a direita e para a esquerda. Sigo um<br />

corredor pelo meio das chuvas e <strong>no</strong> fim do corredor que eu seguia estava preto, aproximo-me do preto,<br />

um valente CB, o qual era feio <strong>de</strong>mais. Comentei com os passageiros sobre o CB e disse vou entrar pela<br />

chuva aqui pela esquerda, on<strong>de</strong> está chovendo o CB está se diluindo, pensei eu, entrei pelo aguaceiro,<br />

começou a aparecer granizo, entro numa forte ascen<strong>de</strong>nte, o variômetro dá uma volta completa,<br />

turbulência terrível, reduzo o motor, trem em baixo, mesmo assim o Bonanza sobe assustadoramente,<br />

atingi o nível 9, cruzei uma porção <strong>de</strong> aerovias, pensei comigo mesmo, não <strong>de</strong>ve ter ninguém por aqui,<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa coisa, o Bonanza entra na recíproca da ascen<strong>de</strong>nte e <strong>de</strong>spenca, não em nada que segure, os<br />

instrumentos enlouquecem todos, não entendo mais nada, raios passam por <strong>de</strong>ntro do parabrisa, pelo<br />

me<strong>no</strong>s tive essa impressão, ofuscou tudo, não via mais o painel, acendi as luzes do painel, melhorou,<br />

continuou <strong>de</strong>scendo. Nível 8,7, 6, 5, 4, quando consigo parar <strong>de</strong> <strong>de</strong>scer, pelos meus cálculos estava nas<br />

imediações da Serra dos Itatins, que é nível 5, a gente passa raspando, trem em cima, motor a ple<strong>no</strong>,<br />

procuro subir circulando, não sei <strong>de</strong> que lado está a Serra, a chuva parou, estou <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um buraco<br />

preto, o nível é 5, as nuvens negras faziam um paredão até o chão e em volta <strong>de</strong> mim, eu tinha a<br />

impressão <strong>de</strong> uma e<strong>no</strong>rme cúpula negra.<br />

Uma cida<strong>de</strong>zinha lá embaixo, reconheci era Pedro <strong>de</strong> Toledo, <strong>no</strong> vale da estrada <strong>de</strong> ferro Santos-<br />

Juquiá, <strong>de</strong>ntro daquela cúpula, a ascendência era forte, o Bonanza com trem em baixo e o motor reduzido<br />

não perdia altura, voava circulando para arranjar um lugar mais claro para fugir daquela armadilha, por<br />

baixo tinha que empurrar o nariz para baixo e não queria dar excesso <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>, a tu7rbulência era<br />

muito forte. Meus passageiros tinham comido em São Paulo uma vasta feijoada, o prefeito tinha tomado<br />

umas e outras, já viu, percebo a cúpula está se movendo para o lado <strong>no</strong>rte, minha saída daqui <strong>de</strong>ve ser<br />

para o sul que também era o lado do mar, espero a bússola indicar 180°, também era o lado mais claro do<br />

paredão <strong>de</strong> nuvens, trem em cima, acerto o regime do motor, enfrento outra vez, o Bonanza pula mais do<br />

que um cavalo chucro. Ascen<strong>de</strong>nte e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, chuva, granizo, a asa do Bonanza fazia que nem bunda<br />

<strong>de</strong> azeiteira, o avião era pintado <strong>de</strong> ver<strong>de</strong>, começou a ficar <strong>no</strong> alumínio puro, como por encanto tudo passa<br />

rapidamente, o mar azul a frente, sol, calor, viro para lá. Lá está a praia, sigo em frente, olhei para trás<br />

aon<strong>de</strong> eu tinha saído, parecia o fim do mundo, aterro em Registro sem <strong>no</strong>vida<strong>de</strong>s, só o Bonanza estava <strong>de</strong><br />

outra cor.<br />

Fiquei sabendo <strong>no</strong> dia seguinte, através dos jornais, que naquela área <strong>de</strong> Pedro <strong>de</strong> Toledo atingida<br />

pelo temporal, o vento tirou até trem da linha.

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