16.04.2013 Views

40 Anos de Acrobacia no Ar - Aeroclube de Bebedouro

40 Anos de Acrobacia no Ar - Aeroclube de Bebedouro

40 Anos de Acrobacia no Ar - Aeroclube de Bebedouro

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Estou outra vez <strong>no</strong> rasante na praia, os coqueiros mais altos que eu. Consulto a mim mesmo, volto<br />

ou prossigo ? Resolvi prosseguir. Chove que <strong>de</strong>us me livre, começo a pensar na hélice, que vaia acabar<br />

<strong>no</strong> meio <strong>de</strong> tanta água. O motor tosse e espirra, funciona mal, só três cilindros. A chuva para como por<br />

encanto. Afasto-me <strong>de</strong> cima da praia par ter mais visibilida<strong>de</strong> da mesma. A maré está baixa, o pouso vai<br />

ser tranqüilo. Nesse preparativo para o pouso, o motor melhora, enxugou a água dos fios <strong>de</strong> velas, tirei o<br />

pouso <strong>de</strong> cogitações e toquei para frente, o motor está arredondando. Chuvas esparsas por todos os lados,<br />

mas o tempo para frente se apresenta bom.<br />

Assim ganho um pouco <strong>de</strong> altura, 100 metros, tudo está tranqüilo, checo os magnetos, jóia, 50<br />

minutos <strong>de</strong> vôo após Belmonte, cida<strong>de</strong> à frente, só po<strong>de</strong> ser Ilhéus., e era. Aparece a pista, muito boa, em<br />

cima da pista dou umas cambalhotas, faço o tradicional tráfego <strong>de</strong> dorso, <strong>de</strong>sviro baixinho para o pouso,<br />

taxio para o estacionamento, o DAC e os sargentos da FAB estão me esperando, mais uma vez o<br />

uniforme da Esquadrilha entra em cena. Um olha para o outro, se olham todos e já se propõem a resolver<br />

todos os meus problemas, que eram poucos,um pouco <strong>de</strong> gasolina e um sanduíche, estava com fome.<br />

Decolei <strong>de</strong> Vitória cedo e ainda não havia comido nada. No aeroporto não havia nada para comer. Saí na<br />

rua que era bem próxima e encontrei um pãozinho que mais parecia uma esponja e já tinha sido apalpado<br />

por não sei quantos, um ovo mal frito, não mal passado, uma COCA-COLA e um café que estava pior que o<br />

ovo e o pão.<br />

Volto para o campo, o BUCKER pronto, pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> vôo e DAC tudo jóia, rumo Salvador (Bahia), mais<br />

300 km direto. Mas o peito na dá para ir direto, 30 km mar a<strong>de</strong>ntro, mo<strong>no</strong>motor, motor <strong>de</strong> <strong>40</strong> a<strong>no</strong>s,<br />

negativo, é pela costa até Itaparica e <strong>de</strong>pois 90° à direita, mesmo assim não é muito mole, tem muita água<br />

para atravessar. 25 minutos <strong>de</strong> vôo após Ilhéus e me encontro em Itacaré, Maraú na frente, o litoral por<br />

esses lados é meio complicado, cheio <strong>de</strong> ilhas e baias, encosto para lado da terra. Deixo a ponta do Mutan<br />

bem mais para a direita, lugar ruim para pouso <strong>de</strong> emergência, o terre<strong>no</strong> é muito irregular, e o mar acaba<br />

sempre nas pedras ou <strong>no</strong> mato. 50 minutos <strong>de</strong> vôo, Ituberá na esquerda, o tempo está bom, céu azul, o<br />

motor secou das chuvas que pegou, agora está redondinho outra vez. À minha direita, Ilha <strong>de</strong> Boipeba,<br />

mais na frente Ilha <strong>de</strong> Tinharé. Uma hora e <strong>de</strong>z minutos <strong>de</strong> vôo Valença na esquerda, o vento é forte para<br />

do mar para a terra, 90° com meu rumo. É preciso segurar mais o BUCKER uns vinte graus para o lado do<br />

mar para permanecer em cima da costa. Uma hora e trinta minutos <strong>de</strong> vôo. Estou voando alto,<br />

1.000metros. Céu azul, tanque cheio, motor jóia, já estou vendo a Bahia lá na frente, Itaparica. O litoral<br />

da Bahia é todo complicado, o vento continua forte. O BUCKER vai caranguejando, com o nariz 30°<br />

voltado para o mar, para me manter sobre a costa. A velocida<strong>de</strong> resultante <strong>de</strong>ve andar às voltas <strong>de</strong> 100<br />

quilômetros por hora. Não me importo muito com isso, não tenho pressa, o tempo está bom e vou chegar<br />

num horário bom, para dar um show completo <strong>no</strong> <strong>Aeroclube</strong> da Bahia.<br />

Estou agora sobre Itaparica, é preciso fazer quase 90° à direita em direção a Salvador. Há água que<br />

Deus me livre para atravessar, confesso que não gosto <strong>de</strong> voar sobre a água. Quando em planeio não<br />

alcanço a terra. Ganho mais altura para atravessar a água. 1500 metros <strong>de</strong> altura, estou em cima daquele<br />

mundo <strong>de</strong> água, meio in<strong>de</strong>ciso. Se o motor parar aqui vou para frente ou vou para trás. Nesses momentos<br />

complicados, o tempo passa e já estou além do meio. Agora é para frente, abaixo o nariz do BUCKER para<br />

aumentar a velocida<strong>de</strong> para sair <strong>de</strong> cima d’água o mais <strong>de</strong>pressa possível. Vou per<strong>de</strong>ndo altura, estou<br />

sobre Salvador praia da Amaralina, praia da <strong>Ar</strong>mação, lá está o campo do <strong>Aeroclube</strong>. Ninguém espera<br />

minha chegada, é surpresa, vou quebrar o pau em cima do campo. Tenho certeza que os baia<strong>no</strong>s nunca<br />

viram um BUCKER voando. Me aproximo da pista, estou com 600 metros <strong>de</strong> altura, comando parafuso,<br />

três voltas, saio com velocida<strong>de</strong> e vou para um oito cuba<strong>no</strong> completo. Ainda estou alto, parto para o<br />

looping invertido <strong>de</strong> cima para baixo, completo o looping e estou na altura do tráfego. Faço o mesmo<br />

fazendo touneau, até a reta final. O restinho da reta final <strong>no</strong> dorso. Tinha pouca gente <strong>no</strong> aeroporto, mas<br />

durante a ma<strong>no</strong>bra eu via todo o povo que ora em volta da pista, fora das casas. Depois <strong>de</strong> meia hora do<br />

pouso, o campo estava cheio <strong>de</strong> gente, parecia uma festa. Recebi daquele povo uma recepção que só<br />

baia<strong>no</strong> sabe dar. Me pediram para repetir o show, o que fiz com muito prazer. Eu nunca pensei que<br />

tivesse tantos amigos na Bahia. Per<strong>no</strong>itei por conta dos baia<strong>no</strong>s. Dia seguinte, é preciso reabastecer o<br />

BUCKER <strong>no</strong> outro aeroporto. O aeroclube estava sem gasolina. Major Branco, presi<strong>de</strong>nte do aeroclube,<br />

vai me esperar <strong>no</strong> aeroporto, diz que não há problema. Decolo do aeroclube, rumo aeroporto, a torre <strong>de</strong>u<br />

luz ver<strong>de</strong>, viro para o vôo invertido e faço o tráfego todo. Na reta final faço o touneau começando <strong>no</strong><br />

dorso e terminando outra vez <strong>no</strong> dorso. A pista se aproxima, arredondo <strong>no</strong> vôo invertido, a velocida<strong>de</strong> é<br />

gran<strong>de</strong>, a pista é comprida, espero a velocida<strong>de</strong> diminuir, rasante <strong>no</strong> dorso, <strong>de</strong>sviro, glisso um pouco, para<br />

diminuir a velocida<strong>de</strong> e pouso sem <strong>no</strong>vida<strong>de</strong>s. Taxiando <strong>no</strong>to que há um movimento a<strong>no</strong>rmal <strong>no</strong><br />

aeroporto, parei <strong>no</strong> reabastecimento, vem o major Branco. Pergunto a ele, o que que há ? Ele diz:<br />

Acionaram os bombeiros. Gasolina, óleo, um peque<strong>no</strong> cheque em tudo e <strong>de</strong>colo sem fazer pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> vôo.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!