40 Anos de Acrobacia no Ar - Aeroclube de Bebedouro
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Com 5 minutos após a <strong>de</strong>colagem, estou caçando outra vez a Dutra. Há nuvens em todos os morros<br />
e estão coladas. Agarro-me à estrada, o terre<strong>no</strong> está subindo e espremendo-me contra as nuvens, não dá<br />
mais para cortar as curvas da estrada, é preciso acompanhá-las. A coisa está piorando, por aqui é proibido<br />
dar pane, penso eu, não há chance nenhuma, só a estrada, mais congestionada <strong>de</strong> caminhões, a<br />
visibilida<strong>de</strong> dá uma melhoradinha. Agüento mais um pouco, aparece uma janelinha <strong>no</strong> alto da Serra, é o<br />
fim do lugar mais alto. A estrada <strong>de</strong>sce morro abaixo, aperto o nariz do BUCKER para baixo, a velocida<strong>de</strong><br />
aumenta, reduzo o motor alguns segundos mais e o terre<strong>no</strong> <strong>de</strong>sce violentamente. Estou alto, aperto mais<br />
o nariz do BUCKER para baixo. Agora melhorou, já vejo toda a baixada fluminense. Não há problemas<br />
aqui embaixo, há uma porção <strong>de</strong> campos, mas meu <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> é o Santos Dumont. Uma hora e alguns<br />
minutos <strong>de</strong> vôo após a minha <strong>de</strong>colagem <strong>de</strong> Volta Redonda já estava <strong>no</strong> tráfego do Aeroporto Santos<br />
Dumont, balanço as asas, a torre me dá luz ver<strong>de</strong>, viro <strong>no</strong> dorso, completo o resto <strong>de</strong> tráfego, reta final<br />
curta, me aproximo da pista, <strong>de</strong>sviro para o vôo <strong>no</strong>rmal e pouso. Lá estão todos os meus amigos da<br />
Esquadrilha da Fumaça. Primeira etapa <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> viagem. Coronel Braga o chefe, dá as últimas<br />
instruções sobre a viagem.<br />
Devemos <strong>no</strong>s encontrar em São Luiz, <strong>no</strong> Maranhão. A Esquadrilha tem compromissos em Brasília<br />
e em outros lugares pelo centro do Brasil, <strong>de</strong> modo que eles vão pelo centro e eu pela costa. Per<strong>no</strong>ito <strong>no</strong><br />
Rio na casa do chefe. Mais alguns <strong>de</strong>talhes sobre a viagem, temos <strong>de</strong>z dias pela frente para <strong>no</strong>s<br />
agruparmos outra vez, lá me São Luiz e o BUCKER reabastecido, tudo em or<strong>de</strong>m, o chefe avisa a torre que<br />
eu vou fazer um voozinho por ai. Decolo para a segunda etapa rumo a Vitória, em reta 450 quilômetros.<br />
Tenho certeza que vai ser mais, o tempo não está bom e há chuva <strong>no</strong> litoral. Dez minutos após a<br />
<strong>de</strong>colagem já estou <strong>de</strong>sviando <strong>de</strong> morro a procura da praia. Uma hora <strong>de</strong> vôo, Macaé, o tempo está<br />
melhor, mais mia hora Campos lá na esquerda, lá longe na esquerda aguaceiros esparsos.<br />
Resolvo aterrar em Campos para reabastecer. Entro <strong>no</strong> tráfego dou umas viradas, peco altura, faço<br />
o resto do tráfego em vôo invertido, <strong>de</strong>sviro rente ao chão para pousar e taxio para a bomba <strong>de</strong> gasolina,<br />
cumprimento algumas pessoas que estão por ali. Estou reabastecendo e me diz o rapaz da gasolina: “ O<br />
DAC está chiando”. Não há nada não, digo eu para ele, já falo com ele, para dar a chegada e fazer meu<br />
pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> vôo. Me aproximo do DAC, vejo que o mesmo fica todo atrapalhado porque estou com o<br />
uniforme da Esquadrilha. Pergunto o que há ? Respon<strong>de</strong>-me que não há nada. Me ajudou <strong>no</strong><br />
preenchimento do pla<strong>no</strong> e me <strong>de</strong>u boa viagem. Decolo, dou umas cambalhotas e um rasante <strong>de</strong> dorso,<br />
aten<strong>de</strong>ndo a vários pedidos e lá vou eu rumo Vitória.<br />
50 minutos <strong>de</strong> vôo, Cachoeiro do Itapemirim (terra do Coronel Machado do DAC e também do<br />
Roberto Carlos). Para a frente a famosa praia <strong>de</strong> Guarapari. Como aquilo é lindo, mar azul. O motor do<br />
BUCKER gira redondo, 60% <strong>de</strong> potência <strong>no</strong> máximo, 1<strong>40</strong> quilômetros por hora é a minha resultante.<br />
Preciso poupar o motor, a tarefa para frente é muito gran<strong>de</strong>. Consulto o mapa, mais para saber certo<br />
aqueles lugarejos, do que por necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> navegação.<br />
Uma hora e quarenta minutos <strong>de</strong> vôo, Vitória na frente, Vila Velha o campo do <strong>Aeroclube</strong>. Em<br />
cima do campo, não po<strong>de</strong> passar sem chuva, umas cambalhotas, o tradicional tráfego em vôo invertido e<br />
aterro. Um monte <strong>de</strong> gente, parece que são todos meus amigos, e já tomam providências para meu<br />
per<strong>no</strong>ite. É tar<strong>de</strong> e começa aquele papo <strong>de</strong> hangar, cada um contando as suas e eu também conto as<br />
minhas e assim escurece e fui dormir <strong>no</strong> hotel provi<strong>de</strong>nciado pelos meus amigos. Dia seguinte levanto<br />
cedo, pois quero fazer três etapas e per<strong>no</strong>itar na Bahia (Salvador).<br />
Oito horas da manhã, BUCKER pronto, reabastecido, <strong>de</strong>colo rumo Caravelas. 300 e tantos<br />
quilômetros. Checo em vôo os magnetos, jóia. Em frente vamos nós, <strong>40</strong> minutos <strong>de</strong> vôo e aparece<br />
Linhares, o tempo permanece bom, só um vento chato <strong>de</strong> frente. Para a direita é o mar e para a esquerda<br />
é a Serra. Embaixo a praia que não me está interessando muito, porque a maré está muito alta. Nestas<br />
ocasiões começo a pensar que o motor já tem <strong>40</strong> a<strong>no</strong>s, mas não há nada não, ele está bem tratado, com<br />
todos os aditivos possíveis na sua lubrificação. Mas o motor gira tão macio que acabo esquecendo e<br />
passo outra vez para as paisagens. O BUCKER não requer esforço nenhum para a pilotagem, mas não se<br />
po<strong>de</strong> largar os comandos um segundo sequer. Se largar ele entorta, sai do rumo, <strong>de</strong> modo que apreciar a<br />
paisagem e segurá-lo <strong>no</strong> rumo e nivelado olhando a paisagem não é muito fácil.<br />
Cida<strong>de</strong> na frente, consulto o relógio, 1 hora e <strong>40</strong> minutos <strong>de</strong> vôo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Vitória. Consulto o mapa, é<br />
São Mateus, outra cida<strong>de</strong> à vista, lá longe na esquerda Nova Venécia. Na frente Conceição da Barra, tudo<br />
vai bem, só o vento aumenta um pouquinho mais a velocida<strong>de</strong>. Percebo pelo balançar das folhas dos<br />
coqueiros que o vento é pela frente, me roubando um monte <strong>de</strong> quilômetros na minha velocida<strong>de</strong>.