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40 Anos de Acrobacia no Ar - Aeroclube de Bebedouro

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OUTRA SÉRIE<br />

Preciso <strong>de</strong> 300 metros <strong>de</strong> altura, uma série <strong>de</strong> ma<strong>no</strong>bras invertidas.<br />

Aqui ao nível do ma, o looping invertido po<strong>de</strong> partir <strong>de</strong> cima para baixo, <strong>de</strong> 300 metros <strong>de</strong> altura. O<br />

looping invertido solicita da estrutura do avião um esforço tremendo, sempre em tor<strong>no</strong> <strong>de</strong> 4G negativos,<br />

numas condições em que tudo está ao contrário, o perfil da asa, a torção, o diedro, a incidência, todos<br />

esses fatores reunidos dão um esforço tremendo à estrutura, inclusive o estaiamento que suporta a carga<br />

negativa é mais fraca do que o que sustenta a carga positiva.<br />

Comentário: Por falar em carga, quando fiz minha primeira viagem <strong>de</strong> peixe com o WACO Cabine, aterrei<br />

numa praia <strong>de</strong>serta que divi<strong>de</strong> São Paulo e o Paraná. Um monte <strong>de</strong> peixes (tainha) na areia, pergunto ao<br />

pescador quantos quilos havia ali. Ele com interesse <strong>de</strong> não <strong>de</strong>ixar o peixe estragar <strong>no</strong> sol me respon<strong>de</strong>:<br />

“<strong>40</strong>0 quilos mais ou me<strong>no</strong>s”. Não tinha a me<strong>no</strong>r idéia <strong>de</strong> peso <strong>de</strong> peixe e assim fomos carregando até não<br />

caber mais, ficando ainda muito peixe na areia. Fechei a porta do avião e ele me dava as tainhas pela<br />

janela, não cabia mais, o peixe começou a escorregar por baixo dos pedais, não cabia mais nada. O<br />

pescador queria ir junto também para verificar o peso lá <strong>no</strong> entreposto <strong>de</strong> Cananéia. Expliquei a ele que<br />

não era possível levá-lo, porque não havia lugar e já estava <strong>de</strong>sconfiado que o peso era <strong>de</strong>mais.<br />

Convencido <strong>de</strong> ficar, pedi-lhe que me girasse a manivela do avião, pois a partida era <strong>de</strong> inércia. Durante<br />

a partida percebi o pneu do meu lado achatado na areia. Só falta furar um pneu agora. Peço ao pescador<br />

olhar o pneu do outro lado, quando ele respon<strong>de</strong>u: “está igualzinho a esse do seu lado”. Cheguei à<br />

conclusão <strong>de</strong> que “a coisa está pesada mesmo”. Não tinha muita importância. A maré baixa e a praia<br />

tinha 80km. Era impossível que eu não <strong>de</strong>colasse nessa pista. O motor funcio<strong>no</strong>u. Ele me entregou a<br />

manivela, dizendo-me “até amanhã se Deus quiser”. Acelerei o <strong>no</strong>rmal para o táxi, WACO nem se mexeu,<br />

mais motor e nada. Todo o motor começou a se mexer <strong>de</strong>vagarzinho. Era esquisito, parecia-me que tinha<br />

algo errado. Fui andando <strong>de</strong>vagar até me colocar em cima da areia úmida. Aí começou a fazer um táxi<br />

mais <strong>de</strong>pressa um pouco. A pista era infinita, foi embalando. Na altura que eu <strong>de</strong>veria ter <strong>de</strong>colado, é<br />

que começou a erguer a cauda. Estou correndo em cima das rodas, tento puxar, a cauda <strong>de</strong>sce, mas as<br />

rodas não largam a pista, <strong>de</strong>ixo correr, está correndo bem, cabro um pouco, tendo a impressão que as asas<br />

subiram, mas o trem ficou <strong>no</strong> chão, mais um pouco e as rodas estariam só triscando a praia. Pelos meus<br />

cálculos <strong>de</strong>vo ter percorrido <strong>de</strong> 8 a 10 quilômetros <strong>de</strong> praia. As rodas largam a praia, mas o WACO não<br />

ganha velocida<strong>de</strong>. Estou indo <strong>no</strong> rumo <strong>de</strong> Paranaguá. Preciso ir para Cananéia e preciso neste caso fazer<br />

180°, não tenho altura para fazer a curva. Para a direita não dá, tem dunas <strong>de</strong> areia e outros obstáculos. O<br />

WACO se nega a ganhar velocida<strong>de</strong> e mais, a a parte boa da praia já tinha acabado e o dinheiro do peixe<br />

nesta altura dos acontecimentos, era <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> só minha. O jeito é virar para a esquerda, para o<br />

lado do mar. Curva <strong>de</strong> pequeníssima inclinação e lá vou eu mar a<strong>de</strong>ntro. Não gosto <strong>de</strong> voar em cima<br />

d’água. Assim tenho sempre a impressão que o motor está quadrado, não quero nem pensar em pane.<br />

Agora consigo fazer 180° rumo a Cananéia, mas estou a 10 metros <strong>de</strong> altura, 5 ou 6 quilômetros <strong>de</strong>ntro do<br />

mar, Ilha do Cardoso à esquerda. Aprôo para o campo <strong>de</strong> Cananéia, torcendo agora para não pegar<br />

turbulência na entrada do campo. Reta final comprida, motor sempre a ple<strong>no</strong>, até a entrada do campo.<br />

Cruzo a cabeceira da pista, reduzo um pouco o motor, as rodas tocam o chão, aterragem sem <strong>no</strong>vida<strong>de</strong>s.<br />

Descarregamos os peixes e lavamos a areia, <strong>de</strong>u peso líquido <strong>de</strong> 750 quilos.

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