MEU IRMÃO E O LUSCOMBE Ele era peque<strong>no</strong> <strong>de</strong>colava mal, ven<strong>de</strong>mos então o LUSCOMBE e compramos o STINSON Voyager com motor CONTINENTAL o mesmo motor do Bonanza, uma viagem meu irmão saiu na frente para São Paulo, o teto era baixo falei para ele ir <strong>no</strong> topo, ele tinha complexo para esse tipo <strong>de</strong> vôo, dizia ele, sair lá em cima é fácil, o duro é sair <strong>de</strong> cima, <strong>de</strong>colei 15minutos atrás <strong>de</strong>le, tudo fechado. Aquele mundo branco que não tinha fim, pensei <strong>no</strong> meu irmão, <strong>de</strong>ve estar apavorado por aí afora, vou me aproximando <strong>de</strong> São Paulo, A Serra da Cantareira e o Morro do Jaraguá, estou por cima do nevoeiro, vasculho o horizonte a procura do meu irmão, lá longe vejo o STINSON virando, faço pontaria nele para chegar o mais <strong>de</strong>pressa possível. Eu já estava prevendo que ele ficaria apavorado, encosto bem pertinho, quando ele me viu a cara <strong>de</strong>le se transformou, fiz sinal para que me seguisse, reduzi um pouco o Bonanza, ele grudou na minha ala atravessamos a Serra e aterramos em Jundiaí, mas eu não ia tentar altas coisas com ele pendurado na minha ala.
VOANDO SOBRE AS NUVENS Morava em Iguape e fazia linha regular para São Paulo, mas o forte mesmo <strong>de</strong> passageiro era em Registro que não tinha pista. Fui falar com o prefeito <strong>de</strong> Registro para fazer um Campo. O prefeito não tomou conhecimento, ele não queria envolver-se com essas coisa perigosas, que era o avião. Então apelei para o engenheiro do DER, Dr. Durvali<strong>no</strong> Vieira, que era manicaca do <strong>Aeroclube</strong> <strong>de</strong> Itapetininga, fez a pista em registro, mu<strong>de</strong>i com toda a tripulação para Registro, naquele tempo gastava-se <strong>de</strong> 8 a 10 horas <strong>de</strong> carro <strong>de</strong> Registro para São Paulo, com o Bonanza apenas <strong>40</strong> minutos. Mas o mau tempo era contínuo, se em Registro estava aberto a Serra estava fechada, mas não tinha importância, o Bonanza estava bem equipado e com dois rádios e a VARIG tinha instalado rádios-faróis em Iguape. Houve época que eu fazia até cinco viagens por dia para São Paulo, a região toda não tinha médicos e muito me<strong>no</strong>s hospital, era viagem com gente aci<strong>de</strong>ntada, doente, todos os dias. O primeiro dia do a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1952, tínhamos feito uma farra brava eu e meu irmão e alguns amigos, eu tinha bebido até per<strong>de</strong>r a consciência, levaram-me para casa, meus transportadores <strong>de</strong>viam estar como eu, porque largaram-me na escada da entrada <strong>de</strong> minha casa e <strong>de</strong>ram o fora, minha mulher não escutou ou fez que não escutou, dormi ali mesmo e <strong>de</strong> madrugada acor<strong>de</strong>i com um monte <strong>de</strong> japoneses em volta <strong>de</strong> mim, um trator tinha virado em cima <strong>de</strong> um <strong>de</strong>les e precisava ir urgente para São Paulo, estava chovendo eu estava todo molhado. No lugar em que eu tinha dormido chovia e tinha um gosto <strong>de</strong> corre-mão <strong>de</strong> pensão na boca, entro para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa cambaleando, estava ainda bêbado, troquei a roupa, tomei café e fomos para o campo. Com a ajuda dos japoneses, tiramos o Bonanza para fora do hangar, colocamos o aci<strong>de</strong>ntado <strong>no</strong> banco traseiro e mais um na frente, tudo que era preciso fazer, eu pensava duas ou três vezes, coloquei o motor em movimento, esperei aquecer, fazia uma confusão danada com os instrumentos, a chuva continuava, o campo estava alagado, o motor aqueceu, chequei tudo fora da seqüência, ajeitei-me na reta da pista, ataquei o motor era água que espirrava por todos os lados, <strong>de</strong>colei, trem em cima, acerto o passo da hélice, motor regime. Chovia mas o teto era alto, eu sabia que não <strong>de</strong>via entrar instrumento porque não ia dar cota, estava muito grogue e com so<strong>no</strong>, <strong>de</strong>rivei para a direita para ir pela praia, não entraria instrumento em hipótese alguma. Caso não chegasse a São Paulo iria para Santos. No vale entre a serra <strong>de</strong> Juréa e Itatins tem uns 20 quilômetros <strong>de</strong> largura, eu precisei caprichar na pontaria para acertar o meio, saindo em Peruíbe a Serra estava toda aberta, rumo 30°, São Paulo a frente, falei com a torre e a mesma pedia confirmação se eu era piloto. Deve ter estranhado a minha voz, ainda estava bêbado. Aterrei, provi<strong>de</strong>nciei um táxi para os caras, entrei <strong>no</strong> Bonanza fechei a porta, <strong>de</strong>itei <strong>no</strong> banco traseiro e dormi gostoso até o meio-dia, acor<strong>de</strong>i, fui <strong>no</strong> bar e tomei três ou quatro água tônica, <strong>de</strong>colei, fui embora para casa curtir o resto da ressaca.
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